sábado, 17 de novembro de 2012

Por Que os Animais Sofrem?


Um Fracasso Ético da “Civilização Ocidental e Cristã”



O texto a seguir, de 1883, de Helena P. Blavatsky, mostra o saldo ético negativo  da chamada “civilização cristã” em relação aos animais, e especialmente em relação aos animais mais evoluídos,  os “irmãos  menores” da humanidade.

Com algumas boas e nobres exceções, entre as quais a principal é a  de  São Francisco de Assis e do franciscanismo, o cristianismo ainda hoje desculpa e “autoriza” o covarde massacre cotidiano de animais indefesos.
Nesta primeira parte do século 21, nossa civilização começa a despertar.   Os movimentos de defesa dos animais são cada vez mais fortes. O vegetarianismo  se alastra,  e a consciência ecológica permeia  vastos setores  do próprio cristianismo.   O texto de HPB, porém, permanece plenamente atual! 

 

Pergunta: É possível para mim, que amo os animais, obter mais poder do que tenho para ajudá-los em seu sofrimento?

R.  Um autêntico AMOR não egoísta, combinado à VONTADE,  é um “poder”  em si mesmo.  Aqueles que amam os animais devem mostrar sua afeição de maneira mais eficiente do que cobrir seus animais com fitas e levá-los para uivar e arranhar nas competições, em busca de prêmios. 

Pergunta: Por que os animais mais nobres sofrem tanto nas mãos dos homens? Não preciso entrar em detalhes ou tentar explicar esta questão. As cidades são lugares de tortura de animais que podem, por qualquer motivo, ser usados e abusados pelo homem! E esses são sempre os mais nobres.

R. Nos Sutras ou Aforismos de Karma-pa, uma seita que é um ramo da grande seita Gelukpa (capuz amarelo) no Tibete,  e cujo nome indica sua doutrina – “os que acreditam na eficácia do Carma” (ação, ou boas obras) – um Upasaka [1] pergunta a seu Mestre: “Por que o destino dos pobres animais mudou tanto ultimamente? Nunca um animal era morto ou tratado injustamente nas imediações de um templo budista ou outros templos na China, antigamente, enquanto hoje em dia eles são mortos e livremente vendidos nos mercados de várias cidades, etc.”  A resposta é sugestiva: 



“Não ponha a culpa na natureza por esta injustiça sem igual.  Não procure inutilmente por efeitos cármicos para explicar a crueldade, porque o Tenbrel Chugnyi (conexão causal, Nidâna) não lhe mostrará nenhum. É a indesejada vinda do  Peling (cristão estrangeiro), cujos três deuses ferozes  recusaram-se a dar proteção para os fracos e pequenos (os animais), que é responsável pelos sofrimentos incessantes,  e de fazer doer o coração, de nossos companheiros mudos.”



A resposta à pergunta acima está aqui em poucas palavras. Pode ser útil, ainda que mais uma vez desagradável, dizer a alguns religiosos que a culpa por este sofrimento universal é inteiramente da nossa religião e educação ocidentais.  Cada sistema filosófico oriental, cada religião e seita da antiguidade – ramânica, egípcia, chinesa e, finalmente, o mais puro e nobre de todos os sistemas de ética existentes, o budismo,  ensinam bondade e proteção a cada criatura viva, desde o animal e o pássaro até os seres rastejantes e mesmo o réptil. Só a nossa religião ocidental permanece em seu isolamento, como um monumento ao mais gigantesco egoísmo humano jamais desenvolvido por uma mente humana, sem uma palavra em favor ou proteção do pobre animal. Muito pelo contrário. Porque a teologia, enfatizando uma frase do capítulo jeovístico da “Criação”, interpreta-a como prova de que os animais, como todo o resto, foram criados para o homem! Portanto, a caça se tornou um dos entretenimentos mais nobres das classes superiores. 

Assim – pobres inocentes pássaros feridos, torturados e mortos aos milhões a cada outono, tudo em países cristãos, para a recreação do homem. Disso também surgiu a maldade, e freqüentemente a crueldade a sangue frio, durante a juventude do cavalo e do novilho, indiferença brutal com seu destino quando a idade os torna incapazes para o trabalho, e ingratidão após anos de trabalho duro para o homem e a seu serviço. Em todos os países que o europeu passa a  dominar,  começa a matança de animais e o seu massacre inútil.



 “Alguma vez o prisioneiro matou animais por prazer?”  perguntou um juiz budista numa cidadezinha fronteiriça na China, infestada de piedosos homens de igreja e missionários europeus, a respeito de um homem acusado de ter matado sua irmã. E, diante de uma resposta afirmativa, já que o prisioneiro tinha estado a serviço de um coronel russo, “um poderoso caçador diante do Senhor”, o juiz não precisou de nenhuma outra evidência e o assassino foi considerado “culpado” – com razão, como sua confissão posterior comprovou.

Deve o cristianismo, ou mesmo o leigo cristão, ser culpado? Nenhum dos dois. É o sistema pernicioso da teologia, são os longos séculos de teocracia e o feroz e sempre crescente egoísmo dos países ocidentais civilizados. O que podemos fazer?


Helena P. Blavatsky

Nota:
[1] Upasaka: discípulo.

"Minha Mente Para Mim é um Reino”



Minha mente para mim é um reino;
Encontro nela um bem-estar tão perfeito
Que supera qualquer outra bênção, 
Venha de Deus ou da natureza. 
Por mais que eu queira o que a maioria busca, 
Minha mente proíbe e afasta a ambição. 



Nenhum porto principesco, nenhum estoque de riquezas,
Coisa alguma para forçar a vitória;
Tampouco sagaz destreza para atenuar uma ferida,
Nem aparências para atrair um olhar afetuoso.
Não sou escravo de nada disso.  
Por quê? Minha consciência despreza esse tipo de coisas.  
Vejo que muitos com freqüência se excedem;
E os que escalam rapidamente –  logo vão despencar.
Vejo aqueles que estão no alto serem 
Mais ameaçados que os outros, por desgraças.
Eles conquistam com esforço e guardam com medo;
E tais preocupações minha mente não quer tolerar.


Prefiro não adotar uma atitude de orgulho; 
Não desejo mais que o suficiente,
E nada faço além do que posso fazer bem.
Tudo que necessito, minha mente me garante. 
Veja! Assim triunfo como um rei,
Com qualquer coisa tenho a mente contente. 
Eu não rio da perda que o outro sofre,
Nem invejo o ganho do outro;
Nenhuma onda do mundo pode agitar minha mente; 

Eu tolero bem o que é a ruína de muita gente. 
Não temo o inimigo, e nem bajulo o amigo,
Não detesto a vida, nem temo o meu fim. 
Minha riqueza é a saúde, e uma perfeita calma; 
E a consciência limpa é minha principal defesa;
Não uso suborno ou sedução para agradar, 
Nem me afasto de alguém para ofender e ferir.
Assim eu vivo, assim irei morrer, 
E gostaria que todos tivessem – esse jeito de ser!



Sir Edward Dyer (1543-1607) foi um poeta 
inglês cuja reputação está estabelecida,  segundo 
a Encyclopaedia Britannica (1967) “por 
um pequeno número de poemas que são 
atribuídos a ele com segurança, e foram 
feitos com grande destreza e musicalidade”.

Considera-se que Sir Edward foi um alquimista. 
Em seu livro “O Iluminismo Rosa-Cruz” 
(Ed. Cultrix-Pensamento),  capítulo três, Frances 
Yates diz que ele era discípulo  e John Dee. 
Ocultista bem conhecido, John Dee é mencionado em  
“Cartas dos Mahatmas Para A. P. Sinnett”, Carta 01. 
Durante quatro séculos, “Minha Mente Para  
Mim é um Reino” tem  sido  o mais famoso  
dos poemas de  Sir  Edward  Dyer.

A Religião Cósmica


"O Espírito Científico Propõe Uma Religiosidade Livre de Igrejas"
                                                                               Albert Einstein.


Todas as ações e todas as imaginações humanas têm em vista satisfazer as necessidades dos homens e trazer alívio às suas dores. Negar essa evidência é não compreender a vida do espírito e seu progresso. Porque experimentar e desejar são os impulsos primários do ser, antes mesmo de considerar a majestosa criação desejada.

Sendo assim, que sentimentos e condicionamentos levaram os homens a pensamentos religiosos, e os incitaram a crer, no sentido mais forte da palavra? Descubro logo que as raízes da ideia e da experiência religiosa são múltiplas. No homem  primitivo, por exemplo, o temor suscita representações religiosas para atenuar a angústia da fome, o medo das feras, das doenças e da morte. Neste momento da história da vida, a compreensão das relações causais mostra-se limitada e o espírito humano tem de inventar seres mais ou menos à sua própria imagem. [1] Ele transfere para a vontade e o poder desses seres as experiências dolorosas e trágicas de seu destino. Ele acredita mesmo poder obter sentimentos propícios desses seres através da realização de ritos ou de sacrifícios. A memória das gerações passadas lhe faz crer no poder propiciatório do rito para alcançar as boas graças de seres que ele próprio criou.

A religião é vivida antes de tudo como angústia. Não é inventada, mas essencialmente estruturada pela casta sacerdotal, que cumpre o papel de intermediário entre seres temíveis e o povo, fundando assim a sua hegemonia. Com frequência o chefe, o monarca ou uma classe privilegiada, de acordo com os elementos de seu poder e para salvaguardar a soberania no mundo, se atribuem as funções sacerdotais. Ou então se estabelece uma comunidade de interesses entre a casta política dominante e a casta sacerdotal.

Os sentimentos sociais constituem a segunda causa dos fantasmas religiosos. Porque o pai, a mãe ou o chefe de imensos grupos humanos, todos enfim, são falíveis e mortais. Então a paixão pelo poder, pelo amor e pela forma externa impele a imaginar um conceito moral ou social de Deus. O Deus-Providência preside o destino, socorre, recompensa e castiga. Segundo a imaginação humana, esse Deus-Providência ama e favorece a tribo, a humanidade, a vida, consola na adversidade e no malogro, protege a alma dos mortos. É este o sentido da religião vivida de acordo com o conceito social ou moral de Deus. Nas Sagradas Escrituras do povo judeu, manifesta-se claramente a passagem de uma religião-angústia para uma religião-moral. As religiões de todos os povos civilizados, particularmente dos povos orientais, se manifestam como basicamente morais. O progresso de um grau ao outro constitui a vida dos povos. Por isto desconfiamos do preconceito que define as religiões primitivas como religiões de angústia e as religiões dos povos civilizados como morais. Todas as simbioses existem,  mas a religião-moral predomina onde a vida social atinge um nível superior. Estes dois tipos de religião constroem uma ideia de Deus pela imaginação do homem.

Somente indivíduos particularmente profundos e comunidades particularmente sublimes se esforçam por ultrapassar esta experiência religiosa. Todos, no entanto, podem atingir a religião em um último grau, raramente acessível em sua pureza total. Dou a isto o nome de religiosidade cósmica, e não posso falar dela com facilidade, já que se trata de uma noção muito nova, e a ela não corresponde conceito algum de um Deus antropomórfico.

O ser experimenta o nada das aspirações e vontades humanas, e descobre a ordem e a perfeição, ali onde o mundo da natureza corresponde ao mundo do pensamento. A existência individual é vivida então como uma espécie de prisão, e o ser deseja vivenciar a totalidade do Ser como um conjunto perfeitamente inteligível. Notam-se exemplos dessa religião cósmica, nos primeiros momentos da sua evolução, em alguns salmos de Davi ou em alguns profetas. Em grau infinitamente mais elevado, o budismo organiza os dados do cosmos, que os maravilhosos textos de Schopenhauer nos ensinaram a decifrar. Ora, os gênios religiosos de todos os tempos se distinguiram por essa religiosidade diante do cosmos. Ela não tem dogmas nem um Deus concebido à imagem do homem; portanto nenhuma Igreja ensina a religião cósmica. Temos também a impressão de que os hereges de todos os tempos da história humana se nutriam com esta forma superior de religião. Contudo, seus contemporâneos muitas vezes os consideravam suspeitos de ateísmo, e às vezes, também, de santidade. Encarados deste ponto de vista, homens como Demócrito, Francisco de Assis, Spinoza se assemelham profundamente.

Como poderá transmitir-se de homem a homem esta religiosidade, uma vez que ela não pode chegar a nenhum conceito determinado de Deus, a nenhuma teologia? Para mim, o papel mais importante da arte e da ciência consiste em despertar e manter desperto o sentimento dela naqueles que estão abertos para isso. Estamos começando a conceber a relação entre a ciência e a religião de um modo totalmente diferente da concepção clássica. A interpretação histórica considera ciência e religião adversários irreconciliáveis, por uma razão fácil de ser percebida. Aquele que está convencido de que a lei causal rege todo acontecimento não pode absolutamente encarar a ideia de um ser que intervém no processo cósmico, e ao mesmo tempo refletir seriamente sobre a hipótese da causalidade. Não pode encontrar um lugar para um Deus-angústia, nem mesmo para uma religião social ou moral: de modo algum pode conceber um Deus que recompensa e castiga, já que o homem age segundo leis rigorosas internas e externas, que lhe proíbem projetar a responsabilidade sobre a hipótese-Deus, do mesmo modo que um objeto inanimado é irresponsável por seus movimentos. Por este motivo, a ciência foi acusada de prejudicar a moral. Coisa absolutamente injustificável. E como o comportamento moral do homem se fundamenta eficazmente sobre a simpatia ou os compromissos sociais, de modo algum implica uma base religiosa. A condição dos homens seria lastimável se tivessem de ser domados pelo medo do castigo ou pela esperança de uma recompensa depois da morte.

É compreensível, portanto, que as Igrejas tenham, em todos os tempos, combatido a Ciência e perseguido os seus adeptos. Mas eu afirmo com todo o vigor que a religião cósmica é o móvel mais poderoso e mais generoso da pesquisa científica. Só aquele que pode avaliar os gigantescos esforços e, antes de tudo, a paixão, sem os quais as criações intelectuais e científicas inovadoras não existiriam, é capaz de pesar a força do sentimento único que cria um trabalho totalmente desligado da vida prática. Que confiança profunda na inteligibilidade da arquitetura do mundo, e que vontade de compreender, nem que seja uma parcela minúscula da inteligência que desvenda o mundo, devia animar Kepler e Newton, para que tenham podido explicar os mecanismos da mecânica celeste, através de um trabalho solitário de muitos anos?

Aquele que só conhece a pesquisa científica por seus efeitos práticos vê depressa demais e incompletamente a mentalidade de homens que, rodeados de contemporâneos céticos, indicaram caminhos aos indivíduos que pensavam como eles. Ora, eles estão dispersos no tempo e no espaço.  Só aquele que devota sua vida à mesma finalidade possui uma imaginação que permite compreender estes homens, e aquilo que os anima,  que lhes estimula a força necessária para conservar seu ideal apesar de inúmeros fracassos. A religiosidade cósmica é pródiga em tais forças. Um contemporâneo declarava, não sem razão, que,  em nossa época, instalada no materialismo, reconhece-se nos sábios escrupulosamente honestos os únicos espíritos profundamente religiosos.

A religiosidade da pesquisa

O espírito científico, fortemente armado com seu método, não existe sem a religiosidade cósmica. Ela se distingue da crença das multidões ingênuas que consideram Deus um Ser de quem se espera benevolência e do qual se teme o castigo – uma espécie de sentimento exaltado da mesma natureza que os laços do filho com o pai -, um ser com quem também estabelecem relações pessoais, por respeitosas que sejam.

Mas o sábio, bem consciente da lei de causalidade que determina qualquer acontecimento, decifra o futuro e o passado, que estão submetidos às mesmas regras de necessidade e determinismo. A moral não lhe cria problemas com os deuses, mas simplesmente com os homens.

Sua religiosidade consiste em espantar-se e extasiar-se diante da harmonia das leis da natureza, as quais revelam uma inteligência tão superior que todos os pensamentos dos homens e todo o seu engenho não podem desvendar, diante dela, a não ser o seu nada irrisório. Este sentimento mostra a regra dominante de sua vida, de sua coragem, na medida em que supera a servidão dos desejos egoístas. Indubitavelmente, este sentimento se compara àquele que animou os espíritos criadores religiosos de todos os tempos.

Albert Einstein.


Nota:
 [1] Sobre o fato de Deus ter sido inventado pelos homens à sua própria imagem a semelhança, H. P. Blavatsky escreveu em “A Doutrina Secreta”, obra que parece ter sido detalhadamente estudada por Albert Einstein: “Em sua incomensurável presunção, e no orgulho e vaidade que lhe são inerentes, o homem criou o seu Deus pelas suas próprias mãos sacrílegas e com os materiais que encontrou em sua mísera substância cerebral, e o impôs ao gênero humano como uma revelação direta do ESPAÇO  uno e não revelado.” (“A Doutrina Secreta”, Ed. Pensamento, SP, edição em seis volumes, ver volume I, p. 77.) (Nota do boletim  “O Teosofista”).  

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Um dia se aprende



Depois de algum tempo, você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.

E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la, por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.

Descobre que se levam anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pelo resto da vida.

Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.

Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos. Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser. Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto. Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve. Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.

Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.

Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha. Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.

Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama, contudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.

Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo. Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado. Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás.

Portanto... plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!
Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar.


 William Shakespeare



terça-feira, 13 de novembro de 2012

Na Caridade


Aquele que está no ioga da caridade vê o Cristo acender-se no âmago do sofrimento.
Aquele que vive pelo ioga da caridade é atraído pela necessidade, assim como as aves são atraídas para o céu.
Aquele que sustenta o ioga da caridade transforma os fardos com a leveza do amor impessoal.
Aquele que transcende pela caridade vê em todo sofrimento uma manifestação da Lei em expansão.

Aquele que ama a caridade não recua diante do inesperado, pois sabe que Cristo o espera além do véu.
Aquele que ascende pela caridade usa como degrau o sacrifício de si diante da necessidade do outro.
Aquele que Me espera pela caridade Me encontra no serviço aos necessitados.
Aquele que Me aguarda em caridade Me encontrará no vestíbulo dos mais pobres.


Aqueles que se unem pela caridade têm no Bem-comum o seu tesouro.
Aquele que desperta pela caridade será como um recém-nascido despido de ilusões humanas.
Aquele que Me ama e vê em Mim a caridade amplia sua visão até ser levado a vislumbrar a Luz do Novo Horizonte.
Aquele que escuta com caridade reconhece a Lei por detrás dos discursos.

Aquele que foi tocado pelo sopro da caridade será impulsionado por Mim como um barco a um porto seguro.
Aquele que sente pela caridade assume em si Meu Coração e aí descobre uma fonte de Misericórdia.
Se em caridade viveres, viverás em Mim.
Se em caridade buscares, encontrarás em Mim.

Se em caridade despertares, Serei um farol em teu caminho.
Se em caridade servires, reconhecerás Minha Luz brilhando no centro dos corações aflitos.
Se em paz Me seguires, Meus passos se tornarão teu caminho.
Piedade, piedade, piedade.

Teresa de Calcutá

A Ciência do Amor...




O Amor traz consigo a Divina Perfeição.
O Amor arrebata.
O Amor resgata.
O Amor liberta.
O Amor unifica.
O Amor gera Alegria.
O Amor ama.
O Amor é simples.
O Amor é livre.

O Amor é Mãe, é Pai, é Irmão.
O Amor é Paz.
O Amor é a Caridade que vem do seio do Pai Criador.
O Amor é essência da Vida Cósmica.
O Amor é a única solução para todos vós.
O Amor é a forma de libertar-vos da hipocrisia,
da mentira, da falsa espiritualidade, das omissões, dos obstáculos à evolução.
O Amor é a Essência do Coração de Deus.

Sem ele, tudo é escuro, tenebroso, nebuloso, sem saída.
Na ciência do Amor, as células iluminam-se e liberam crenças e passos em falso, metas errantes.
O passado é desacorrentado de suas prisões limitadoras.
Por que não amar?
Por que não ser o verdadeiro Amor?
Por que não ser a verdade que o ser clama por expressar?
Por que se esconder atrás de uma falsa espiritualidade para evitar aquilo que tememos, o desconhecido?
Temeis o Amor, temeis a Verdade, evitais entrar em contato direto com o brilho de vossa essência solar?
Por que vos defendeis de vossos irmãos?
Por que vos limitais com vossos pensamentos que recaem sobre esses mesmos irmãos como flechas que ferem e sangram?
O que vos impede de trazer para vosso coração aquilo que é diferente, escuro ou claro, belo ou feio?

O Amor que une as polaridades a Serviço do Plano preparam o Amor da Nova Terra.
O Amor assim é sutil, invisível , não é material, mas é Real como o Pai e a Mãe são Reais na vida do Cosmos.

O Amor é canal reabilitante, redentor.
O Amor é arrebatador, é loucura santa.
É loucura porque ama sem limites e sem escolhas.
É santo porque é pureza, verdade, luz.
Gera vida trazendo do Universo Cósmico novos seres que serão a continuidade da essência da Vida Única.
Desta espécie de Amor é gerada a vida de todos os Reinos.
Este Amor salta do âmago da Vida Única e torna possível aos filhos de Pai e Mãe Criadores a expressão da sua pureza original.

O Amor é Comunhão.
O Amor é Fusão.
O Amor é União.
O Amor é Paz.
O Amor é Vida.

O Amor é a branca e pura essência do Ser.
O Amor atravessa e preenche com sua luz libertadora, a escuridão mais escura, o abismo mais profundo, o inferno mais escaldante.

O Amor reveste de Paz o paradigma dos conflitos e das guerras.


(Texto extraído do Boletim Sinais de Figueira, nº 4 - Um Ser da constelação de Cisne)

A real dificuldade




A real dificuldade está sempre em nós mesmos, não à nossa volta.
Há três coisas necessárias para fazer o homem invencível: Vontade, Desinteresse e Fé.

Podemos ter uma vontade para nos emancipar, mas Fé suficiente pode estar faltando. Podemos ter uma fé em nossa liberação final, mas a vontade de usar os meios necessários pode estar faltando. E mesmo que haja vontade e fé, podemos as usar com um apego violento aos frutos de nosso trabalho ou com paixões de ódio, excitamento cego ou apressada violência, que podem produzir reações prejudiciais. 
Por esta razão é necessário, nesse trabalho de tal magnitude, procurar refúgio num Poder mais elevado que o da mente e do corpo, a fim de vencer obstáculos sem precedentes. Esta é a necessidade de fazer Sadhana.

Deus está dentro de nós, um Poder Onipotente, Onipresente, Onisciente; nós e Ele somos de uma mesma natureza e, se entrarmos em contato com Ele e colocarmo-nos em Suas mãos, Ele derramará em nós Sua própria Força e descobriremos que nos, também, temos o nosso quinhão de divindade, nossa porção de onipotência, onipresença e onisciência. O caminho é longo, mas a entrega torna-o curto; a senda é difícil, mas perfeita confiança torna-a fácil!

A Vontade é onipotente, mas deve ser vontade divina, desprendida, tranquila, sem cuidados sobre os resultados. "Se você tivesse fé, mesmo do tamanho de um grão de mostarda" disse Jesus, "você diria àquela montanha: Venha e ela viria até você." O que significava a palavra Fé era realmente Vontade, acompanhada de perfeita Sraddha. Sraddha não raciocina, ela sabe: pois ela comanda a visão e vê o que Deus quer, e ela sabe que, o que for da Vontade de Deus, acontecerá. Sraddha sem ser cega, mas usando a visão espiritual, pode tornar-se onisciente.

A Vontade é também onipotente. Pode lançar-se dentro de tudo com o qual entra em contato e conferir-lhe uma porção de seu poder, seus pensamentos, seus entusiasmos, temporária ou permanentemente. O pensamento de um homem solitário pode tornar-se, pelo exercício da vontade desinteressada e confiante, o pensamento de uma nação. A vontade de um único herói pode impregnar de coragem os corações de milhares de covardes.

Este é o Sadhana que devemos empreender. Esta é a condição de nossa libertação. Temos usado uma vontade imperfeita com uma fé imperfeita e um imperfeito desprendimento...

No entanto, a tarefa diante de nos é menos difícil do que mover uma montanha.
A força que pode fazer isto existe. Mas está escondida numa câmara secreta dentro de nós e, desta câmara, Deus guarda a chave.

Vamos achá-Lo e reclamá-la!

(Texto de Sri Aurobindo - Livro Sabedoria de Sri Aurobindo)



quinta-feira, 8 de novembro de 2012

O pensamento é o poder motor da ação

O pensamento revela-se como uma vibração no corpo mental que se comunica com a matéria  externa e produz um efeito. Portanto, o pensamento em si é uma força real e definida, e o interessante é que todos nós possuímos esse poder. Cada pensamento produz dois efeitos externos principais: uma vibração irradiante e uma forma flutuante. Analisemos como ambas afetam o pensador e as outras pessoas.

Em primeiro lugar, vamos lembrar da força do hábito. Se acostumarmos nossos corpos mentais com certo tipos de vibrações, eles aprenderão a reproduzi-las com facilidade e prontidão. Se pensarmos um certo tipo de pensamento hoje, amanhã será mais fácil repetir  o  mesmo pensamento. Se alguém começa a pensar mal dos outros, logo se torna fácil pensar pior, e torna-se mais difícil pensar  no  bem  deles.  Cria-se  assim  um  ridículo   preconceito  que  cega totalmente a pessoa, impedindo-a de ver os pontos bons de seus semelhantes, e aumentando enormemente o mal nos outros.

Em seguida seus pensamentos começam a incitar as emoções, e como só vê o mal nos outros começa a odiá-los. As vibrações da matéria mental excitam as da matéria astral densa  assim  como o vento perturba a superfície do mar. Todos sabemos que ao pensar em nossos erros facilmente nos irritamos e freqüentemente ignoramos  a conclusão inevitável de que, pensando racionalmente e com calma, prevenimos ou dissolvemos a raiva.

A forma  de  pensamento  gerada  também  reage  sobre  o  pensador.  Se  o pensamento  destina-se a alguém, a forma dispara como um míssil na sua direção,  mas  se o  pensamento, como  acontece com  tanta freqüência,  diz respeito principalmente ao próprio  pensador, esta permanece flutuando nas proximidades, pronta a reagir sobre ele e duplicar-se, isto é, pronta a estimular na sua mente o mesmo pensamento mais uma vez. Para o pensador parecerá que o pensamento surgiu em sua mente vindo de fora, mas a experiência é, na verdade, apenas o resultado mecânico de seus próprios pensamentos prévios.


Observemos agora como esse fragmento de conhecimento pode ser usado. Obviamente todo pensamento ou emoção produz um efeito de longa duração, pois fortalece ou enriquece uma tendência e, além disso, reage constantemente sobre o pensador. Portanto, fica claro que temos de ter todo cuidado com os pensamentos ou emoções que permitimos surgir dentro de nós mesmos.  Não  podemos  nos  desculpar  como  tantos  fazem,  dizendo  que sentimentos indesejáveis são naturais em certas condições. Temos de usar o direito de controlar nossa mente e nossas emoções. Se podemos habituar-nos a procurar as qualidades desejáveis nas pessoas que conhecemos, e não as indesejáveis, nós nos surpreenderemos ao descobrir como as boas qualidades são  numerosas  e importantes. Assim começaremos a gostar delas e a não evitá-las, e  teremos,  pelo menos, a possibilidade de fazer avaliações mais justas das pessoas.



Podemos dedicar-nos ao exercício útil de admitir apenas pensamentos bons e agradáveis  e,  se  persistirmos,  logo  começaremos  a  perceber  resultados. Nossas mentes trabalharão  mais facilmente pelos canais da admiração e da simpatia ao invés da suspeita e do  menosprezo, e, quando nossos cérebros estiverem desocupados, os pensamentos que se apresentarem serão bons e não maus, em uma reação natural das formas graciosas que criamos para nos circundar. "O homem é aquilo que pensa em seu coração", e obviamente o uso correto e sistemático do poder do pensamento torna a vida muito mais fácil e agradável.

Reparemos agora como nossos pensamentos afetam os outros. A ondulação irradiante, como muitas outras vibrações na Natureza, tende a se duplicar. Por que um determinado objeto se aquece diante do fogo? Porque a radiação das vibrações vindas da matéria  incandescente leva as moléculas do objeto a oscilarem mais rapidamente.

Da mesma maneira, se enviarmos com persistência  ondulações  de  pensamentos  agradáveis  sobre  outrem,  com  o tempo uma vibração similar aos  pensamentos de simpatia surgirá naquela pessoa. Formas de pensamentos dirigidas para  ela flutuarão à sua volta e agirão quando surgir uma oportunidade. Assim como um mau  pensamento pode ser um demônio tentador tanto para o pensador quanto para outrem, assim também um bom pensamento pode tornar-se um anjo guardião que encoraja a  virtude e evita o vício. Infelizmente é comum nos dias de hoje aquela atitude de estar sempre procurando falhas nos outros, e as pessoas que agem  assim  não  compreendem  o  mal  que  causam.  Se  observamos  suas conseqüências,  veremos  que  o  hábito  da  bisbilhotice  maliciosa  é  simples perversidade.  Não  importa  se  o  escândalo  tem  fundamento  ou  não;  em qualquer dos casos ele só pode gerar o mal. Nesta situação  encontramos pessoas concentradas em algum suposto vício de alguém, atraindo a atenção de muitas outras que, de outra forma, não se teriam dado conta desse defeito.




Suponhamos que acusem sua vítima de ser invejosa. De imediato centenas de pessoas começam a despejar no infeliz sofredor torrentes de pensamentos sugerindo a ideia da inveja. Não é claro que, se o pobre homem tiver tendência a esse desagradável vício, esta seria grandemente  intensificada pela avalanche  que  o  atinge?  E  se,  como  normalmente  acontece,  não  houver qualquer razão  para esse malicioso rumor, aqueles que o espalhem estão fazendo de tudo para criar em  sua vitima o próprio vício de cuja existência imaginária eles tão selvagemente se regozijam.

Devemos pensar sempre nas coisas boas de nossos amigos, não só porque isso é muito  mais saudável para nós, mas também porque assim elas se fortalecem. Quando formos obrigados a reconhecer alguma qualidade má de um amigo, devemos ter o cuidado de não  pensar nela, mas, sim, na virtude oposta que queremos ajudá-lo a desenvolver. Caso ele seja avarento ou pouco afetivo  não  devemos  fazer  comentários  ou  fixar  nosso  pensamento  nesse defeito, porque, se o fizermos, as vibrações por nós criadas tornarão as coisas piores. Em  vez  disso, pensemos intensamente na qualidade que ele precisa desenvolver,  inundando-o  com  ondulações  de  generosidade  e  amor,  pois assim estaremos realmente ajudando nosso irmão.

Se  o  poder  de  pensamento  for  usado  com  essas  orientações,  nós  nos tornaremos  verdadeiros  centros  de  bênção  em  qualquer  lugar  onde  nos encontremos. Mas lembremos que essa força é limitada; por isso, se quisermos ter o bastante dela para ser úteis, não a desperdicemos.

O  homem  comum  não  passa  de  ser  um  centro  de  vibrações  agitadas. Encontra-se constantemente preocupado, incomodado, estressado com alguma  coisa,  em  depressão  profunda  ou,  então,  excitado  sem  razão,  ao esforçar-se para mudar alguma circunstância ou tratar de conseguir algo. Por uma razão ou outra, está sempre desnecessariamente agitado, muitas vezes por causa de coisas insignificantes. Isso quer  dizer que está o tempo todo gastando força, dissipando inutilmente algo pelo qual é diretamente responsável e que poderia torná-lo mais feliz e saudável.

Outra  situação  que  o  leva  a  dissipar  muita  energia  são  as  discussões desnecessárias.  Está  sempre  tentando  fazer  alguém  concordar  com  suas opiniões pessoais. Esquece-se de que toda questão tem sempre muitos lados ou aspectos, quer se trate de política, religião ou algum outro interesse de curto prazo, e que os outros também têm direito ao seus próprios pontos de vista, o qual de qualquer modo nada importa, pois os fatos permanecem os mesmos independente do que cada um pense. A maior parte dos assuntos não vale a pena  discutir,  e,  normalmente,  aqueles  que  falam  mais  alto  e  com  mais confiança são precisamente os que menos sabem.


Quem deseja usar o poder do pensamento de maneira útil, seja para si mesmo ou para os outros, deve economizar suas energias, ser calmo, comedido e refletir cuidadosamente antes de falar ou agir. Que não fiquem dúvidas de que a força do silêncio é muito poderosa. Qualquer um que se entregue ao trabalho pode aprender a usá-la, e, com seu uso, cada  um  de nós pode progredir bastante fazendo um grande bem para o mundo à nossa volta.

Deve compreender-se bem esse poder do pensamento e o dever de reprimir pensamentos maus, egoístas ou agressivos. Os pensamentos produzem seus efeitos, quer desejemos ou não. Um homem sábio produz intencionalmente os resultados da sua ação mental. Cada vez que controlamos nossos pensamentos, a próxima vez o  controle fica mais fácil. Enviar pensamentos positivos aos outros é algo tão real quanto  dar  dinheiro; e é uma forma de caridade  que  até o  mais pobre dos homens pode fazer.  É  errado irradiar depressão. Ela impede os pensamentos elevados, causa muito sofrimento às pessoas sensíveis e é responsável pela maior parte do medo noturno das crianças.

Ao permitir que pensamentos miseráveis e maldosos sejam descarregados sobre uma criança, como muitos fazem, estamos envolvendo-a em penumbra, e isso não está certo. Esqueçam-se da depressão e em vez de ceder a ela, enviem pensamentos de fortaleza para os doentes.

Nossos pensamentos não são -como se poderia supor- assunto apenas da nossa própria  conta, pois suas vibrações afetam os outros. Os pensamentos maldosos têm alcance muito maior do que as palavras, mas não podem afetar quem estiver totalmente livre da qualidade que eles veiculam; por exemplo, o pensamento do desejo de beber não pode penetrar no corpo de um homem totalmente  abstêmio.  Ele  atinge  seu  corpo  astral,  porém,  como  não  pode penetrar, retorna ao emissor.

A vontade pode ser treinada para agir diretamente sobre a matéria física. Para alguns talvez  o  exemplo mais comum seja aquele do quadro usado muitas vezes  nas  práticas  de   meditação,  no  qual  podem  ser  observadas  com freqüência  alterações  de  expressão;  as  partículas  físicas  são,  sem  dúvida alguma,  afetadas por um  pensamento forte e  constante. A  Sra.  Blavatsky costumava recomendar algumas práticas a seus discípulos, dizendo-lhes para pendurarem uma agulha em um fio de seda e aprender a movê-la pela força da vontade. Um escultor também usa o poder do pensamento, mas de maneira diferente.  Diante  de  um  bloco  de  mármore,  ele  cria  uma  forte  forma  de pensamento da estátua  que deseja esculpir. A seguir coloca sua forma de pensamento dentro do bloco e começa a remover o mármore que sobra fora da forma de pensamento, deixando apenas a parte interpenetrada por ela.

Habituem-se a dedicar algum tempo todos os dias a formular bons pensamentos e enviá-los a outras pessoas. É uma prática fundamental para todos, e fará muito bem para as pessoas que os recebem também, sem dúvida alguma.





(Extraído da obra  A Vida Interna, de Charles W. Leadbeater, Ed. Teosófica, 1996)


segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Porque não comer carne, segundo Ramatis


Ramatis viveu na Indochina, no século X e foi instrutor em um dos inumeráveis santuários iniciáticos da Índia, tendo falecido bastante jovem e através de Hercílio Maes, seu principal médium, é autor de vários livros, entre eles A Fisiologia da Alma, do qual foi retirado o texto que segue abaixo. Em 1959 foi lançada a 1ª edição desta obra, mas a impressão que temos é que foi publicada ontem.

A alimentação carnívora e o uso do álcool e do fumo (dos vícios em geral), são abordados com muita sabedoria: a atuação nos corpos energéticos e físicos e suas consequências após a morte física, bem como dos processos obsessivos que ficam sujeitos os seus usuários.
Aborda também o mecanismo de manifestação das doenças em geral e do câncer em particular (origens, tratamentos, curas...)
Outro tema presente nesta obra é o tratamento da Homeopatia, sua atuação nos corpos sutis (na raiz das doenças), suas doses infinitesimais, condições para o êxito...
Depois da leitura deste livro, não conseguimos mais ser os mesmos. Ele mexe profundamente com nossa forma de viver e de nos alimentarmos, e nos convida a fazer parte da cidadania terráquea do 3º milênio. :


A Alimentação Carnívora e o Vegetarianismo

PERGUNTA - Em vista das opiniões variadas e por vezes contraditórias, tanto entre as correntes religiosas e profanas como até entre a classe médica, quanto ao uso da carne dos animais como alimento, gostaríamos que nos désseis amplos esclarecimentos a respeito, de modo a chegarmos a uma conclusão clara e lógica sobre se o regime alimentar carnívoro prejudica ou não o nosso organismo ou influi de qualquer modo para que seja prejudicada a evolução do nosso espírito. Preliminarmente, devemos dizer que no Oriente — como o afirmam muitas das pessoas antivegetarianas — a abstenção do uso da carne como alimento parece prender-se apenas a uma tradição religiosa, que os ocidentais consideram como uma absurdidade, dada a diferença de costumes entre os dois povos. Que nos dizeis a respeito?

RAMATIS - A preferência pela alimentação vegetariana, no Oriente, fundamenta-se na perfeita convicção de que, à medida que a alma progride, é necessário, também, que o vestuário de carne se lhe harmonize ao progresso espiritual já alcançado. Mesmo nos remos inferiores, a nutrição varia conforme a delicadeza e sensibilidade das espécies. Enquanto o verme disforme se alimenta no subsolo, a poética figura alada do beija-flor sustenta-se com o néctar das flores. Os iniciados hindus sabem que os despojos sangrentos da alimentação carnívora fazem recrudescer o atavismo psíquico das paixões animais, e que os princípios superiores da alma devem sobrepujar sempre as injunções da matéria. Raras criaturas conseguem libertar-se da opressão vigorosa das tendências hereditárias do animal, que se fazem sentir através da sua carne.

PERGUNTA - Mas a alimentação carnívora, principalmente no Ocidente, já é um hábito profundamente estratificado no psiquismo humano. Cremos que estamos tão condicionados organicamente à ingestão de carne, que sentir-nos-íamos debilitados ante a sua mais reduzida dieta!

RAMATIS - Já tendes provas irrecusáveis de que podeis viver e gozar de ótima saúde sem recorrerdes à alimentação carnívora. Para provar o vosso equívoco, bastaria considerar a existência, em vosso mundo, de animais corpulentos e robustos, de um vigor extraordinário e que, entretanto, são rigorosamente vegetarianos, tais como o elefante, o boi, o camelo, o cavalo e muitos outros. Quanto ao condicionamento biológico, pelo hábito de comerdes carne, deveis compreender que o orgulho, a vaidade, a hipocrisia ou a crueldade, também são estigmas que se forjaram através dos séculos, mas tereis que eliminá-los definitivamente do vosso psiquismo. O hábito de fumar e o uso imoderado do álcool também se estratificam na vossa memória etérica; no entanto, nem por isso os justificais como necessidades imprescindíveis das vossas almas invigilantes.
Reconhecemos que, através dos milênios já vividos, para a formação de vossas consciências individuais, fostes estigmatizados com o vitalismo etérico da nutrição carnívora; mas importa reconhecerdes que já ultrapassais os prazos espirituais demarcados para a continuidade suportável dessa alimentação mórbida e cruel. Na técnica evolutiva sideral, o estado psicofísico do homem atual exige urgente aprimoramento no gênero de alimentação; esta deve corresponder, também, às próprias transformações progressistas que já se sucederam na esfera da ciência, da filosofia, da arte, da moral e da religião. O vosso sistema de nutrição é um desvio psíquico, uma perversão do gosto e do olfato; aproximai-vos consideravelmente do bruto, nessa atitude de sugar tutanos de ossos e de ingerirdes vísceras na feição de saborosas iguarias. Estamos certos de que o Comando Sideral está empregando todos os seus esforços a fim de que o terrícola se afaste, pouco a pouco, da repugnante preferência zoofágica.

PERGUNTA - Devemos considerar-nos em débito perante Deus, devido à nossa alimentação carnívora, quando apenas atendemos aos sagrados imperativos naturais da própria vida?

RAMATIS - Embora os antropófagos também atendam aos “sagrados imperativos naturais da vida”, nem por isso endossais os seus cruentos festins de carne humana, assim como também não vos regozijais com as suas imundices à guisa de alimentação ou com as suas beberagens repugnantes e produtos da mastigação do milho cru! Do mesmo modo como essa nutrição canibalesca vos causa espanto e horror, também a vossa mórbida alimentação de vísceras e vitualhas sangrentas, ao molho picante, causa terrível impressão de asco às humanidades dos mundos superiores. Essas coletividades se arrepiam em face das descrições dos vossos matadouros, charqueadas, açougues e frigoríficos enodoados com o sangue dos animais e a visão patética de seus cadáveres esquartejados. Entretanto, a antropofagia dos selvagens ainda é bastante inocente, em face do seu apoucado entendimento espiritual; eles devoram o seu prisioneiro de guerra, na cândida ilusão de herdar-lhe as qualidades intrépidas e o seu vigor sanguinário. Mas os civilizados, para atenderem às mesas lautas e fervilhantes de órgãos animais, especializam-se nos caldos epicurísticos e nos requintes culinários, fazendo da necessidade do sustento uma arte enfermiça de prazer. O silvícola oferece o tacape ao seu prisioneiro, para que ele se defenda antes de ser moído por pancadas; depois, rompe-lhe as entranhas e o devora, famélico, exclusivamente sob o imperativo natural de saciar a fome; a vítima é ingerida às pressas, cruamente, mas isso se faz distante de qualquer cálculo de prazer mórbido. O civilizado, no entanto, exige os retalhos cadavéricos do animal na forma de suculentos cozidos ou assados a fogo lento; alega a necessidade de proteína, mas atraiçoa-se pelo requinte do vinagre, da cebola e da pimenta, desculpa-se com o condicionamento biológico dos séculos em que se viciou na nutrição carnívora, mas sustenta a lúgubre indústria das vísceras e das glândulas animais enlatadas; paraninfa a arte dos cardápios da necrofagia pitoresca e promove condecorações para os “mestres-cucas” da culinária animal! Os frigoríficos modernos que exaltam a vossa “civilização”, construídos sob os últimos requisitos científicos e eletrônicos concebidos pela inteligência humana, multiplicam os seus aparelhamentos mais eficientes e precisos, com o fito da matança habilmente organizada. Notáveis especialistas e afamados nutrólogos estudam o modo de produzir em massa o “melhor” presunto ou a mais “deliciosa” salsicharia à base de sangue coagulado!
Os capatazes, endurecidos na lide, dão o toque amistoso e fazem o convite traiçoeiro para o animal ingressar na fila da morte; magarefes exímios e curtidos no serviço fúnebre conservam a sua fama pela rapidez com que esfolam o animal ainda quente, nas convulsões da agonia; veterinários competentes examinam minuciosamente a constituição orgânica da vítima e colocam o competente “sadio”, para que o “ilustre civilizado” não sofra as conseqüências patogênicas do assado ou do cozido das vísceras animais! Turistas, aprendizes e estudantes, quando visitam os colossos modernos que são edificados para a indústria da morte, onde os novos “sansões” guilhotinam em massa o servidor amigo, pasmam-se com os extraordinários recursos da ciência moderna; aqui, os guindastes, sob genial operação mecânica, erguem-se manchados de rubro e despejam sinistras porções de vísceras e rebotalhos palpitantes; ali, aperfeiçoados cutelos, movidos por eficaz aparelhamento elétrico, matam com implacável exatidão matemática, acolá, fervedores, prensas, esfoladeiras, batedeiras e trituradeiras executam a lúgubre sinfonia capaz de arrepiar os velhos caciques, que só devoravam para matar a fome! Em artísticos canais e regos, construídos com os azulejos da exigência fiscal, jorra continuamente o sangue rútilo e generoso do animal sacrificado para a glutonice humana!
Mas o êxito da produção frigorífica ainda melhor se comprova sob genial disposição: elevadores espaçosos erguem-se, implacáveis, sobrecarregados de suínos, e os depositam docemente sobre o limiar de bojudos canos de alumínio, inclinados, na feição de “montanha-russa.” Rapidamente, os suínos são empurrados, em fila, pelo interior dos canos polidos e deslizam velozmente, em grotescas e divertidas oscilações, para mergulharem, vivos, de súbito, nos tanques de água fervente, a fim de se ajustarem à técnica e à sabedoria científica modernas, que assim favorecem a produção do “melhor” presunto da moda! Quantos suínos precisarão ainda deslizar pela tétrica montanha-russa, criação do mórbido gênio humano, para que possais saborear o vosso “delicioso” presunto no lanche do dia!

PERGUNTA - Esses métodos eficientes e de rapidíssima execução na matança que se processa nos matadouros e frigoríficos modernos, evitam os prolongados sofrimentos que eram comuns no tipo de corte antigo. Não é verdade?

RAMATIS - Pensamos que o senso estético da Divindade há se sempre preferir a cabana pobre, que abriga o animal amigo, ao matadouro rico que mata sob avançado cientificismo da indústria fúnebre. As regiões celestiais são paragens ornadas de luzes, flores e cores, onde se casam os pensamentos generosos e os sentimentos amoráveis de suas humanidades cristificadas. Essas regiões também serão alcançadas, um dia, mesmo por aqueles que constroem os tétricos frigoríficos e os matadouros de equipo avançado, mas que não se livrarão de retornar à Terra, para cumprir em si mesmos o resgate das torpezas e das perturbações infligidos ao ciclo evolutivo dos animais. Os métodos eficientes da matança científica, mesmo que diminuam o sofrimento do animal, não eximem o homem da responsabilidade de haver destruído prematuramente os conjuntos vivos que também evoluem, como são os animais criados pelo Senhor da Vida! Só Deus tem o direito de extingui-los, salvo quando eles oferecem perigo para a vida humana, que é um mecanismo mais evoluído, na ordem da Criação.

PERGUNTA - Surpreendem-nos as vossas asserções algo vivas; muita gente não compreende, ainda, que essa grave impropriedade da alimentação carnívora causa-nos tão terríveis conseqüências! Será mesmo assim?

RAMATIS - O anjo, já liberto dos ciclos reencarnatórios, é sempre um tipo de suprema delicadeza espiritual. A sua tessitura diáfana e formosa, e seu cântico inefável aos corações humanos não são produtos dos fluidos agressivos e enfermiços dos “patê de foie-gras” (pasta de fígado hipertrofiado), da famigerada “dobradinha ao molho pardo” ou do repasto albumínico do toucinho defumado!
A substância astral, inferior, que exsuda da carne do animal, penetra na aura dos seres humanos e lhes adensa a transparência natural, impedindo os altos vôos do espírito. Nunca havereis de solucionar problema tão importante com a doce ilusão de ignorar a realidade do equívoco da nutrição carnívora e, quiçá, tarde demais para a desejada solução.
Expomo-vos aquilo que deve ser meditado e avaliado com urgência, porque os tempos são chegados e não há subversão no mecanismo sideral. É mister que compreendais, com toda brevidade, que o veículo perispiritual é poderoso ímã que atrai e agrega as emanações deletérias do mundo inferior, quando persistis nas faixas vibratórias das paixões animais. É preciso que busqueis sempre o que se afina aos estados mais elevados do espírito, não vos esquecendo de que a nutrição moral também se harmoniza à estesia do paladar físico. Em verdade, enquanto os lúgubres veículos manchados de sangue percorrerem as vossas ruas citadinas, para despejar o seu conteúdo sangrento nos gélidos açougues e atender às filas irritadas à procura de carne, muitas reencarnações serão ainda precisas para que a vossa humanidade se livre do deslize psíquico, que sempre há de exigir a terapia das úlceras, cirroses hepáticas, nefrites, artritismo, enfartes, diabetes, tênias, amebas ou uremias!

PERGUNTA - Por que motivo considerais que o homem se inferioriza ao selvagem, na alimentação carnívora, se ele usa de processos eficientes, que visam evitar o sofrimento do animal no corte? Não concordais em que o homem também atende à sua necessidade de viver e se subordina a um imperativo nutritivo que lhe requer uma organização industrial?

RAMATIS - O selvagem, embora feroz e instintivo, serve-se da carne pela necessidade exclusiva de nutrição e sem transformá-la em motivos para banquetes e libações de natureza requintada; entre os civilizados, entretanto, revivem esses mesmos apetites do selvagem mas, paradoxalmente, de modo mais exigente, servindo de pretexto para noitadas de prazer, sob as luzes fulgurantes dos luxuosos hotéis e restaurantes modernos. Criaturas ruidosas, álacres, e que apregoam a posse de genial intelecto, devoram, em mesas festivas, os cadáveres dos animais, regados pelos temperos excitantes, enquanto a orquestra famosa executa melodias que se casam aos odores da carne carbonizada ou do cozido fumegante! Mas sabei que as poéticas e sugestivas denominações dos pratos, expostas nos cardápios afidalgados, não livram o homem das conseqüências e da responsabilidade de devorar as vísceras do irmão inferior!
Apesar dos floreios culinários e do cardápio de iguarias “sui generis”, que tentam atenuar o aspecto repugnante das vitualhas sangrentas, os homens carnívoros não conseguem esconder a realidade do apetite desregrado humano! Aqui, a designação de “dobradinha à moda da casa” apenas disfarça o repulsivo ensopado de estômago de boi; ali, os sugestivos “miúdos à milanesa” são apenas retalhos de vesículas e fígado, traindo o sabor amargo da bílis animal; acolá, os “apetitosos rins no espeto” não conseguem sublimar a sua natureza de órgãos excretores da albumina e da uréia, que ainda se estagnam sob o cutelo mortífero. Embora se queira louvar o esforço do mestre culinário, o “mocotó à européia” não passa de viscoso mingau de óleo lubrificante de boi abatido; os “frios à americana” não vão além de vitualha sangrenta, e a “feijoada completa” é apenas um nauseante charco de detritos cozidos na imundície do chouriço denegrido, dos pés, películas e retalhos arrepiantes do porco, que ainda se misturam à uréia da banha gordurosa!
É evidente que se deve desculpar o bugre ignorante, que ainda se subjuga à nutrição carnívora e perverte o seu paladar, porque a sua alma atrasada ignora a soma de raciocínios admiráveis que ao civilizado já é dado movimentar na esfera científica, artística, religiosa e moral. Enquanto os banquetes pantagruélicos dos Césares romanos marcam a decadência de uma civilização, a figura de Gandhi, sustentado a leite de cabra, é sempre um estímulo para a composição de um mundo melhor.

PERGUNTA - Deveríamos, porventura, violentar o nosso organismo físico, que é condicionado milenarmente à alimentação de carne? Certos de que a natureza não dá saltos e não pode adaptar-se subitamente ao vegetarianismo, consideramos que seria perigosa qualquer modificação radical nesse sentido. O nosso processo de nutrição carnívora já é um automatismo biológico milenário. que há de exigir alguns séculos para uma adaptação tão insólita. Quais as vossas considerações a esse respeito?

RAMATIS - Não sugerimos a violência orgânica para aqueles que ainda não suportariam essa modificação drástica; para esses, aconselhamos gradativamente adaptações do regime da carne de suíno para o de boi, do de boi para o de ave e do de ave para o de peixe e mariscos. Após disciplinado exercício em que a imaginação se higieniza e a vontade elimina o desejo ardente de ingerir os despojos sangrentos, temos certeza de que o organismo estará apto para se ajustar a um novo método nutritivo de louvor espiritual. Mas é claro que tudo isso pede por começar e, se desde já não efetuardes o esforço inicial que alhures tereis de enfrentar, é óbvio que hão de persistir tanto esse tão alegado condicionamento biológico como a natural dificuldade para uma adaptação mais rápida. Mas é inútil procurardes subterfúgios para justificar a vossa alimentação primitiva e que já é inadequada à nova índole espiritual; é tempo de vos asseardes, a fim de que possais adotar novo padrão alimentício. Inegavelmente, o êxito não será alcançado do modo por que fazeis a substituição do combustível de vossos veículos; antes de tudo, a vossa alma terá que participar vigorosamente de um exercício, para que primeiramente elimine da mente o desejo de comer carne. Muitas almas decididas, que já comandam o seu corpo físico e o submetem à vontade da consciência espiritual, têm violentado esse automatismo biológico da nutrição de carne, do mesmo modo por que alguns seres extinguem o vício de fumar, sob um só impulso de vontade. Também estais condicionados ao vício da intriga, da raiva, da cólera, do ciúme, da crueldade, da mentira e da luxúria; no entanto, muitos se libertam repentinamente dessas mazelas, sob hercúleos esforços evangélicos. E reconhecendo a debilidade da alma humana para as libertações súbitas, e preparando-vos psiquicamente para repudiardes a carne, que temos procurado influenciar o mecanismo do vosso apetite, dando-vos conselhos cruamente e de modo ostensivo, de modo a que mais facilmente vos liberteis dos exóticos desejos de assados e cozidos, que, na realidade, não passam de rebotalhos e cadáveres que vos devem inspirar náuseas e aversão digestivas.
Daí as nossas preocupações sistemáticas, em favor do vosso bem espiritual, para que ante a visão, por exemplo, de dobradinhas “saborosas” que recendem ao molho odorante, reconheçais, na verdade, as tétricas cartilagens que protegem a região broncopulmonar do boi, em cujo local se processam as mais repugnantes trocas de matéria corrompida!

PERGUNTA - Porventura os cuidadosos exames a que são submetidos os animais, antes do corte, não afastam a possibilidade de contaminarem o homem com qualquer enfermidade provável?

RAMATIS - Essa profilaxia de última hora não identifica os resíduos da enfermidade que possa ter predominado no animal destinado ao corte e que, evidentemente, não deixou vestígios identificáveis à vossa instrumentação de laboratório. Apesar dos extremos cuidados de higiene e das medidas de prevenção nos matadouros, ainda desconheceis que a maioria dos quadros patogênicos do vosso mundo se origina na constituição mórbida do porco! O animal não raciocina, nem pode explicar-vos a contento as suas reais sensações dolorosas conseqüentes de suas condições patogênicas. O veterinário criterioso enfrenta exaustivas dificuldades para atestar a enfermidade do animal, enquanto que o ser humano pode relatar, com riqueza até de detalhes, as suas perturbações, o que então auxilia o diagnóstico médico. Assim mesmo, quantas vezes a medicina não descobre a natureza exata dos vossos males, surpreendendo-se com a eclosão de enfermidade diferente e que se distanciava das cogitações familiares! As vezes, um simples exame de urina, requerido para fins de somenos importância, revela a diabete que o médico desconhecia no seu paciente; um hemograma solicitado sem graves preocupações pode atestar a leucemia fatal! As enfermidades próprias da região abdominal, embora explicadas com riqueza de detalhes pelos enfermos, muitas vezes deixam o clínico vacilante quanto a situa uma colite, uma úlcera gastroduodenal ou um surto de ameba histolítica! Uma vez que no ser humano é tão difícil visualizar com absoluta precisão a origem dos seus males, requerendo-se múltiplos exames de laboratório para o diagnóstico final, muito mais difícil será conhecer-se o morbo que, no animal, não se pode focalizar na sintomatologia comum. Quantas vezes o suíno é abatido no momento exato em que se iniciou um surto patogênico, cuja virulência ainda não pôde ser assinalada pelo veterinário mais competente, salvo o caso de rigorosa autópsia e meticuloso exame de laboratório! Para isso evitar, a matança de porcos exigiria, pelo menos, um veterinário para cada animal a ser sacrificado.
Os miasmas, bacilos, germes e coletividades microbianas famélicas, que se procriam no caldo de cultura dos chiqueiros, penetram na vossa delicada organização humana, através das vísceras do porco, e debilitam-vos as energias vitais. Torna-se difícil para o médico situar essa incursão patogênica, inclusive a sua incubação e o período de desenvolvimento; por isso, mais tarde, há de considerar a enfermidade como oriunda de outras fontes patológicas.

PERGUNTA - Julgais, porventura, que a alimentação carnívora possa trazer prejuízos físicos, de vez que a criatura já está condicionada, há milênios, a essa forma nutritiva? Qual a culpa do homem em ser carnívoro, se desde a sua infância espiritual ele foi assim condicionado, de modo 
a poder sobreviver no mundo físico?

RAMATIS - Repetimo-vos: nem todas as coisas que serviram para sustentar o homem, nos primórdios da sua vida no plano físico, podem ser convenientes, no futuro, quando surgem então novas condições morais ou psicológicas e a criatura humana pode cultuar concepções mais avançadas. Antigamente, os ladrões tinham as suas mãos amputadas, e arrancava-se a língua aos perjuros. Desde que vos apegais tanto ao tradicionalismo do passado, por que aos maledicentes modernos não aplicais essas disposições punitivas, brutais e impiedosas? Os antigos trogloditas comiam sem escrúpulo os retalhos de carne impregnados dos detritos do chão; no entanto, atualmente, usais pratos, talheres, e lavais o alimento. Certamente, alegareis a existência, agora, de um senso estético mais progressista, e que também tendes mais entendimento das questões de higiene humana; mas não concordais, no entanto, em que esse senso estético avançado está a pedir, também, a eliminação da carne de vossas mesas doentias!
Quando o homem ainda se estribava na ingestão de vísceras de animais, a fim de sobreviver ao meio rude e agressivo da matéria, a sua alma também era compatível com a rudeza do ambiente inóspito mas, atualmente, o espírito humano já alcançou noções morais tão elevadas, que também lhe compete harmonizar-se a uma nutrição mais estética. Não se justifica que, após a sua verticalização da forma hirsuta da idade da pedra, o homem prossiga nutrindo-se tão sanguinariamente como a hiena, o lobo, a raposa ou as aves de rapina! Além de brutal e detestável para aqueles que desejam se libertar dos planos inferiores, a carne é contínuo foco de infecção à tessitura magnética e delicada do corpo etéreo-astral do homem.

PERGUNTA - Que dizeis dos novos recursos preventivos, nos matadouros modernos, em que se aplicam antibióticos para se evitar a deterioração prematura da carne? Essa providência não termina extinguindo indo qualquer perigo na sua ingestão?

RAMATIS - Trata-se apenas de mais um requinte doentio do vosso mundo, e que revela o deplorável estado de espírito em que se encontra a criatura humana. O homem não se conforma com os efeitos daninhos que provêm de sua alimentação pervertida e procura, a todo custo, fugir à sua tremenda responsabilidade espiritual. Mas não conseguirá ludibriar a lei expiatória; em breve, novas condições enfermiças se farão visíveis entre os insaciáveis carnívoros protegidos pela “profilaxia” dos antibióticos. Além do efeito deletério da carne, que se intoxica cada vez mais com a própria emanação astral e mental do homem desregrado, encontrar-vos-eis às voltas com o preciosismo técnico de novas enfermidades situadas no campo das alergias inespecíficas, como produtos naturais das reações antibióticas nos próprios animais preparados para o corte! Espanta-nos a contradição humana, que principalmente, produz a enfermidade no animal que pretende devorar e em seguida aplica-lhe a profilaxia do antibiótico!

PERGUNTA - Podeis dar-nos um exemplo dessa contradição?

RAMATIS - Pois não? A vossa medicina considera que o homem gordo, obeso, hipertenso, é um candidato à angina e à comoção cerebral; classifica-o como um tipo hiperalbuminóide e portador de perigosa disfunção cárdio-hépato-renal. A terapêutica mais aconselhada é um rigoroso regime de eliminação hidrossalina e dieta redutora de peso; ministra-se ao homem alimentação livre de gorduras e predominantemente vegetal, e o médico alude ao perigo da nefrite, ao grave distúrbio no metabolismo das gorduras e à indefectível esteatose hepática. Cremos que, se os velhos pajés antropófagos conhecessem algo de medicina moderna e pudessem compreender a natureza mórbida do obeso e sua provável disfunção orgânica, de modo algum permitiriam que suas tribos devorassem os prisioneiros excessivamente gordos! Compreenderiam que isso lhes poderia causar enfermidades inglórias, em vez de saúde, vigor e coragem que buscavam na devora do prisioneiro em regime de ceva!
Mas o homem do século XX, embora reconheça a enfermidade das gorduras, devora os suínos obesos, hipertrofiados na engorda albumínica, para conseguir a prodigalidade da banha e do toucinho: primeiro os enferma em imundo chiqueiro, onde as larvas, os bacilos e microrganismos, próprios dos charcos, fermentam as substâncias que alimentam os oxiúros, as lombrigas, as tênias, as amebas colis ou histolíticas. O infeliz animal, submetido à nutrição putrefata das lavagens e dos detritos, renova-se em suas próprias dejeções e exsuda a pior cota de odor nauseante, tomando-se o transformador vivo de imundícies, para acumular a detestável gordura que deve servir às mesas fúnebres. Exausto, obeso, letárgico e suarento, o porco tomba ao solo com as banhas fartas e fica submerso na lama nauseante; é massa viva de uréia gelatinosa, que só pode ser erguida pelos cordames, para a hora do sacrifício no matadouro. Que adianta, pois, o convencional beneplácito de “sadio”, que cumpre ao veterinário, na autorização para o corte do animal, quando a própria ciência humana já permitiu o máximo de condições patogênicas! De modo algum essa tétrica “profilaxia” antibiótica livrar-vos-á da seqüência costumeira a que sois submetidos implacavelmente; continuareis a ser devorados, do mesmo modo, pela cirrose, a colite, a úlcera, a tênia, o enfarte, a nefrite ou o artritismo; cobrir-vos-eis, também, de eczemas, urticárias, pênfigo, chagas ou crostas sebáceas; continuareis, indubitavelmente, sob o guante da icterícia, da gota, da enxaqueca e das infecções desconhecidas; cada vez mais enriquecereis os quadros da patogenia médica, que vos classificarão como “casos brilhantes” na esfera principal das síndromes alérgicas.

PERGUNTA - Uma vez que os animais e as aves são inconscientes e de fácil proliferação, a sua morte, para nossa alimentação, deve ser considerada crime tão severo, quando se trata de costume que já nasceu com o homem? Cremos que Deus foi quem estabeleceu a vida assim como ela é, e o homem não deve ser culpado por apenas seguir as suas diretrizes tradicionais, cumpria a Deus, na sua Augusta Inteligência, conduziras suas criaturas para outra forma de nutrição independente da carne: não é verdade?

RAMATIS - A culpa começa exatamente onde também começa a consciência quando já pode distinguir o justo do injusto e o certo do errado. Deus não condena suas criaturas, nem as pune por seguirem diretrizes tradicionais e que lhes parecem mais certas; não existe, na realidade, nenhuma instituição divina destinada a punir o homem, pois é a sua própria consciência que o acusa, quando desperta e percebe os seus equívocos ante a Lei da Harmonia e da Beleza Cósmica. Já vos dissemos que, quando o selvagem devora o seu irmão, para matar a fome e herdar-lhe as qualidades guerreiras, trata-se de um espírito sem culpa e sem malícia perante a Suprema Lei do Alto. A sua consciência não é capaz de extrair ilações morais ou verificar qual o caráter superior ou inferior da alimentação vegetal ou carnívora. Mas o homem que sabe implorar piedade e clamar por Deus, em suas dores; que distingue a desgraça da ventura; que aprecia o conforto da família e se comove diante da ternura alheia; que derrama lágrimas compungidas diante da tragédia do próximo ou de novelas melodramáticas; que possui sensibilidade psíquica para anotar a beleza da cor, da luz e da alegria; que se horroriza com a guerra e censura o crime, teme a morte, a dor e a desgraça; que distingue o criminoso do santo, o ignorante do sábio, o velho do moço, a saúde da enfermidade, o veneno do bálsamo, a igreja do prostíbulo, o bem do mal, esse homem também há de compreender o equívoco da matança dos pássaros e da multiplicação incessante dos matadouros, charquea-das, frigoríficos e açougues sangrentos. E será um delinqüente perante a Lei de Deus se, depois dessa consciência desperta, ainda persistir no erro que já é condenado no subjetivismo da alma e que desmente um Ideal Superior!
Se o selvagem devora o naco de carne sangrenta do inimigo, o faz atendendo à fome e à idéia de que Tupã quer os seus guerreiros plenos de energias e de heroísmos; mas o civilizado que mata, retalha, coze e usa a sua esclarecida inteligência para melhorar o molho e acertar a pimenta e a cebola sobre as vísceras do irmão menor, vive em contradição com a prescrição da Lei Suprema. De modo algum pode ele alegar a ignorância dessa lei, quando a galinha é torcida em seu pescoço e o boi traumatizado no choque da nuca; quando o porco e o carneiro tombam com a garganta dilacerada; quando a malvadez humana ferve os crustáceos vivos, embebeda o peru para “amaciar a carne” ou então satura o suíno de sal para melhorar o chouriço feito de sangue coagulado. Quantas vezes, enquanto o cabrito doméstico lambe as mãos do seu senhor, a quem se afinizara inocentemente, recebe o infeliz animal a facada traiçoeira nas entranhas, apenas porque é véspera do Natal de Jesus! A vaca se lamenta e lambe o local onde matam o seu bezerro; o cordeiro chora na ocasião de morrer! Só não matais o rato, o cão, o cavalo ou o papagaio, para as vossas mesas festivas, porque a carne desses seres não se acomoda ao vosso paladar afidalgado; em conseqüência, não é a ventura do animal o que vos importa, mas apenas a ingestão prazenteira que ele vos pode oferecer nas mesas lúgubres.

PERGUNTA - Como poderíamos vencer esse condicionamento biológico e mesmo psíquico, em que a nossa constituição orgânica é hereditariamente predisposta à alimentação carnívora? A ciência médica afirma que, à simples idéia de nos alimentarmos, o sistema endócrino já produz sucos e hormônios de simpatia digestiva à carne, e dessa sincronia perfeita entre o pensamento e o metabolismo fisiológico, achamos que fica demonstrada a fatal necessidade de nutrição carnívora. Em compensação, muitos vegetarianos hão revelado alergia a frutas ou hortaliças! Não é isso bastante para justificar a afirmativa de que o nosso organismo precisa evidentemente de carne, a fim de poder-se desenvolver sadia e vigorosamente?

RAMATIS - O cigarro também não foi criado para ser fumado fanaticamente pelo homem; este é que imita a estultice dos bugres descobertos por Colombo e termina transformando-se num escravo da aspiração de ervas incineradas. A simples lembrança do cigarro, o vosso sistema endócrino, num perfeito trabalho psicofísico, de prevenção, também produz antitoxinas que devem neutralizar o veneno da nicotina e proteger-vos da introdução da fumaça fétida nos pulmões delicados. A submissão ao desejo de ingerir a carne é igual à submissão do fumante inveterado para com o seu comando emotivo, pois ele é mais vítima de sua debilidade mental do que mesmo de uma invencível atuação fisiológica. O viciado no fumo esquece-se de si mesmo e, por isso, aumenta progressivamente o uso do cigarro, acicatado continuamente pelo desejo insatisfeito, criando, então, uma segunda natureza, que se torna implacável e exigente carrasco. Comumente fumais sem notar todos os movimentos preliminares que vos comandam automaticamente, desde a abertura da carteira até a colocação do cigarro nos lábios descuidados; completamente inconscientes dessa realidade viciosa, já não fumais, mas sois fumados pelo cigarro, guiados pelo instinto indisciplinado. No vício da carne ocorre o mesmo fenômeno; viveis distanciados da realidade de que sois escravos do habito de comer carne. Se o sistema endócrino produz sucos e hormônios à simples idéia de ingerirdes carne, nem por isso se comprova que fostes especificamente criados para a nutrição carnívora. E apenas um velho hábito, que atendeu às primeiras manifestações da vida grosseira do homem das cavernas trogloditas e que, pelo vosso descuido, ainda vos comanda o mecanismo fisiológico, submetendo-o à sua direção.
As providências preventivas, no metabolismo humano, devem ser tomadas em qualquer circunstância; o hindu que se habituou à ingestão de frutos sazonados e vegetais sadios, também fabrica os seus hormônios e sucos digestivos à simples idéia da alimentação com que está acostumado. A diferença está em que ele carece de hormônios destinados à nutrição puramente vegetal, enquanto que vós tendes que produzi-los para a cobertura digestiva dos despojos da nutrição carnívora. Alegais que muitas pessoas se tornam enfermiças, ao se devotarem à alimentação vegetariana; em verdade, comprovais, assim, que sois tão estratificados pelo mau hábito de alimentação carnívora, que o vosso metabolismo fisiológico já não consegue assimilar a contento os frutos sadios e os vegetais nutritivos, manifestando-se em vós os pitorescos fenômenos de alergia. No entanto, desde que disciplinásseis a vontade e vigiásseis mentalmente o desejo mórbido, despertando da inconsciência imaginativa da nutrição zoofágica, logo sentir-vos-ieis mais libertos do indefectível condicionamento biológico carnívoro.