sábado, 29 de setembro de 2012

O que é o Karma?



Qualquer pessoa com olhos para enxergar é capaz de ver que o universo revela que obedece a uma ordem inteligente e inteligível.
Não foi um capricho arbitrário que um dia criou o mundo. Não é o caos que o governa desde então. Há um verdadeiro significado, uma lei estrita, uma genuína coerência, há um movimento de evolução que vai da pedra à flor, do animal ao ser humano, através de níveis cada vez mais elevados de integração de vida universal.


Quando isso é entendido, também é possível compreender que o karma não é simplesmente uma lei qual se herda impressões prévias ou se produzem novas, ou uma justiça moral retributiva, mas também algo muito mais abrangente. Trata-se de uma lei eterna que tende a ajustar a ação individual à ação universal. 
Ela trabalha para o universo como um todo para manter suas incontáveis unidades em harmonia com seu próprio equilíbrio integral.


A retribuição apenas insere-se nessa atividade como um pequeno círculo concêntrico insere-se em um maior.  Os resultados da existência de cada pessoa, a herança do pensamento e ação de cada ser humano, precisam ser controlados para que, em última análise, obedeçam à ordem maior do cosmos. Cada parte esta ligada ao todo. Tudo, portanto, tende à suprema retidão. É realmente reconfortante perceber que o universo possui um equilíbrio tão significativo em seu núcleo secreto.


A interpretação esotérica do karma reconhece que um ser humano totalmente isolado é apenas uma fantasia da nossa imaginação, que a vida de cada pessoa está ligada com a vida de toda a humanidade por meio de círculos em constante expansão de amplitude local, nacional, continental e finalmente planetária; que cada pensamento é influenciado pela atmosfera mental predominante no mundo; e que cada ação é inconscientemente praticada sob influência da sugestão predominante e poderosa conferida pela atividade geral da humanidade. 

As consequências do que cada um de nós pensa e faz correm como um afluente para o rio maior da sociedade, juntando-se ali à agua de inúmeras outras fontes. Esse fato torna o karma resultante de todas essas associações mutuas, elevando-o, por conseguinte, do nível pessoal para o coletivo. Isso quer dizer que “eu”, como indivíduo, compartilho o karma gerado por todas as outras pessoas, enquanto elas compartilham o meu. Existe, no entanto, uma diferença entre a parte que nos cabe, no sentido de que “eu” recebo a parte maior dos resultados das minhas próprias ações praticadas no passado e uma porção menor das ações do restante da humanidade.


Daí minha afirmação de que nem todo sofrimento é merecido, mas, por outro lado, acontecimentos positivos também nos chegam como compensação. Mesmo que devido à interdependência da humanidade tenhamos que sofrer o que não merecemos, é igualmente verdade que em virtude dessa mesma interdependência podemos receber do bom karma geral benefícios que não conquistamos pessoalmente. Assim, essa operação coletiva do karma é como uma espada de dois gumes que corta dos dois lados: um deles é doloroso e outro agradável. A visão esotérica coloca uma nova face sobre a forma popular da doutrina e ela tem sido de um modo geral mantida em segundo plano, simplesmente porque as pessoas estão mais interessadas no seu bem-estar pessoal do que no bem comum...


Vivemos em comum com os outros, pecamos em comum e devemos ser redimidos em comum. Essa é a ultima palavra, talvez desalentadora, para aqueles que prejudicam seus semelhantes, porém animadora para os que foram prejudicados. Nessa perspectiva mais ampla, o karma nos faz sofrer pela sociedade como um Todo e alegrar-nos com ela. 
Por conseguinte, não podemos separar o nosso próprio bem-estar do bem estar-social. Precisamos escapar do isolamento interior e unir nossos interesses aos da Vida como um Todo. Não é preciso existir antagonismo entre classes, nações e raças, nem ódio e discórdia entre grupos diferentes, sejam esses grandes ou pequenos. Todos são, em última analise, essencialmente interdependentes. A separação deles é uma ilusão tão grande quanto a separação dos indivíduos, mas somente a filosofia e a história demonstram essa verdade. A situação em que todos nos encontramos hoje exige o reconhecimento dessa desafiadora verdade em prol do nosso interesse mútuo.


(Texto extraído do livro O que é o Karma? Autor Paul Brunton; Ed. Pensamento).

                                                                                                  (Paul Brunton)

Reflexões

Você acha que existe amor entre os animais?



"Tudo aquilo que o homem ignora, não existe pra ele. Por isso o universo de cada um, se resume ao tamanho de seu saber."

Albert Einstein

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Música Positiva II



Momento musical:


“A música é a revelação superior a toda sabedoria e filosofia.”
                                                                         Beethoven





Música Sí Bheag, Sí Mhór
Por Mark Harmer e
Arranjo de Mark Harmer


Se eu morrer antes de você!


Se eu morrer antes de você, faça-me um favor:

Chore o quanto quiser, mas não brigue comigo.
Se não quiser chorar, não chore;
Se não conseguir chorar, não se preocupe;
Se tiver vontade de rir, ria;
Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão;
Se me elogiarem demais, corrija o exagero.
Se me criticarem demais, defenda-me;
Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, mostre que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser o santo que me pintam;
Se me quiserem fazer um demônio, mostre que eu talvez tivesse um pouco de demônio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo...

E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diga apenas uma frase:

-"Foi meu amigo, acreditou em mim e sempre me quis por perto!"
Aí, então derrame uma lágrima.
Eu não estarei presente para enxugá-la, mas não faz mal.
Outros amigos farão isso no meu lugar.
Gostaria de dizer para você que viva como quem sabe que vai morrer um dia, e que morra como quem soube viver direito.

Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo.
Mas, se eu morrer antes de você, acho que não vou estranhar o céu.

"Ser seu amigo, já é um pedaço dele..."

Chico Xavier

 

Sutra do Coração da Grande Sabedoria Completa



Sutra do Coração da Grande Sabedoria Completa 
(Maka Hannya Haramita Shin Gyo) 


Quando Kanzeon Bodisatva praticava 
Em profunda sabedoria completa 
Claramente observou 
O vazio dos cinco agregados 
Assim se libertando 
De todas as tristezas e sofrimentos. 
Oh! Sarishi! 

Forma não é mais que vazio. 
Vazio não é mais que forma. 
Forma é exatamente vazio. 
Vazio é exatamente forma. 
Sensação, conceituação, diferenciação, conhecimento 
Assim também o são. 

Oh! Sarishi! 
Todos os fenômenos são vazio-forma, 
Não nascidos, não mortos, 
Não puros, não impuros, 
Não perdidos, não encontrados 
Assim é tudo dentro do vazio. 
Sem forma, sem sensação,  
Conceituação, diferenciação, conhecimento;  
Sem olhos, ouvidos, nariz, língua, corpo, mente, 
Sem cor, som, cheiro, sabor, tato, fenômeno. 
Sem mundo de visão, sem mundo de consciência, 
Sem ignorância e sem fim à ignorância, 
Sem velhice e morte e sem fim à velhice e morte. 
Sem sofrimento, sem causa, sem extinção e sem caminho. 
Sem sabedoria e sem ganho. 
Sem nenhum ganho. 

Bodisatva 
Devido à Sabedoria Completa. 
Coração-mente sem obstáculos. 
Sem obstáculos, logo sem medo. 
Distante de todas as delusões, 
Isto é Nirvana. 


Todos Budas dos três mundos 
Devido à Sabedoria Completa 
Obtém 
Anokutara San Myaku San Bodai. 

Saiba que Sabedoria Completa 
É expressão de grande divindade, 
Expressão de grande claridade, 
Expressão insuperável, 
Expressão inigualável, 
Com capacidade de remover 
Todo o sofrimento. 
Isto é verdade, não é mentira! 
Assim, invoque e expresse a  
Sabedoria Completa, 
Invoque e repita: 
Gya-te gya-te 
Ha-ra gya-tei 
Hara so gya-tei 
Bo-ji-sowa-ka 


Sutra do Coração  
da Grande Sabedoria Completa

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

O maior enigma da ciência: o Homem





O maior enigma da ciência: o Homem




Vivemos num globo que turbilhona vertiginosamente no espaço e cuja posição está marcada em algum lugar do grande céu entre Vênus e Marte. Há neste fato alguma coisa que provoca o riso, mas que também dá o que pensar. Embora a distância que nos separa desses dois astros seja tão imensa que confunde a imaginação, o homem a calculou com uma exatidão surpreendente e no entanto esse homem é incapaz de medir o alcance da sua própria mente! Ele é um mistério para si próprio, um enigma que permanece insolúvel até a hora em que o frio abraço da morte chegue, gelando seus ombros...
Não há nisso uma ironia? Pensar que a alma do homem é menos acessível às pesquisas do que a terra onde mora! Não é surpreendentemente estranho que o homem esteja tão absorvido em estudar a face do mundo que só em época relativamente recente haja pensado em conhecer o mundo que está nele?

Por que ele se preocupa tanto com a marcha do universo que, além do mais, não cabe a ele dirigir, enquanto ele deve dirigir-se a si mesmo?

O sistema solar gira muito bem sem sua ajuda...Vive! Morre! O universo não se alarma, nem se altera...escreveu Zangwill, o inteligente e sábio pensador.

O homem porém não aprecia muito essa verdade mordaz, porque sabe mais coisas sobre o funcionamento do seu automóvel do que do seu próprio ser. No entanto, os antigos ensinaram e sábios do nosso tempo confirmaram que no imo da consciência existe um veio do mais puro quilate, veio de ouro resplandecente!

Não será então mais sábio se fizermos dessa busca nosso primeiro cuidado?

Comparados com outros resultados já obtidos, a Ciência tem pouca noção no que diz respeito ao homem. Descobriu como temperar metais, lançar bombas de meia tonelada sobre cidades vizinhas e mil outras coisas de menor relevância. A descoberta da Física conheceu, durante os três últimos séculos, uma aceleração estupenda, enquanto o conhecimento sobre o homem permanece ainda na retaguarda. Sabemos construir pontes gigantescas que atravessam rios volumosos, porém não sabemos dar um passo para resolver esse simples problema: "QUEM SOU EU?"

Nossas locomotivas percorrem terras do mundo inteiro, mas nossa mente não sabe transpor o mistério do homem. Astrônomos chegam a captar com a objetiva de seu telescópio as mais distantes estrelas, mas se nós lhes perguntássemos se conseguiram dominar suas paixões, em resposta baixarão a cabeça, confusos.

Somos cheios de curiosidades em saber tudo a respeito do nosso planeta, mas ficamos indiferentes quando se fala do nosso eu profundo.

Temos acumulado informações extremamente minuciosas sobre cada coisa que vemos, conhecemos, e sobre o funcionamento, a qualidade e a propriedade de todos os corpos e fenômenos terrestres. Mas não conhecemos a nós mesmos!

Até aqueles que se aprofundam em todas as ciências existentes ignoram os rudimentos da ciência do "Eu". Os cientistas que descobriram o porquê e do como da vida dos micróbios não conhecem o porquê nem o como da sua própria existência! Sabemos o valor de cada coisa, mas ignoramos nosso próprio e inestimável valor!

Enchemos enciclopédias de milhares de páginas com milhões de informações sobre todas as coisas, mas quem pode redigir um compêndio sequer que trate do mistério do seu próprio ser? E por que razão o que mais nos interessa é a nossa própria pessoa? Porque a "pessoa" é a única realidade da qual estamos certos. Todos os fatos da vida que nos rodeiam, todos os pensamentos íntimos do nosso ser só existem para nós quando o nosso "Eu" os percebe. O "Eu" é a última essência... a primeira noção que temos de nós e será a derradeira que conheceremos ao chegarmos a ser sábios.

A verdadeira sapiência, a luz do intelecto, nos vem de dentro da esfera do "Eu". Não podemos conhecer o mundo e saber acerca das coisas senão através de certos instrumentos e dos nossos sentidos. Todavia, quem os interpreta e os utiliza é o nosso "Eu". Somos portanto obrigados a reconhecer que o estudo do "Eu" é o mais importante ao qual um pensador deve dedicar-se.

Um sofista, aproximando-se um dia de um sábio da Grécia antiga, queria confundi-lo com perguntas embaraçosas; mas de Mileto mostrou-se à altura das provas e respondeu a todas as perguntas sem vacilar, com a maior exatidão.

Eis as perguntas:

1. Qual é a coisa antiga?
R. Deus - porque sempre existiu.

2. Qual é a coisa mais bela?
R. O universo - porque é a obra de Deus.

3. Qual das coisas é a maior?
R. O Espaço - porque contém tudo o que foi criado.

4. Qual das coisas é a mais constantes?
R. A Esperança - porque perdura no homem mesmo depois de ter ele perdido tudo.

5. Qual e a melhor das coisas?
R. A Virtude - porque sem ela nada pode ser bom.

6. Qual é a mais rápida das coisas?
R. O Pensamento - porque em menos de segundo percorre o Universo.

7. Qual é a mais forte de todas as coisas?
R. A necessidade - porque faz o homem enfrentar todos os perigos da vida.

8. Qual das coisas é mais fácil de fácil de fazer?
R. Dar conselhos.

Porém, quando chegou à nona pergunta, o sábio deu a resposta paradoxal, cujo sentido profundo - tenho certeza - jamais foi compreendido pelo interlocutor imbuído do saber intelectual, bem como para a maioria das pessoas terá apenas um sentido superficial.

A pergunta é esta:
- Qual das coisas é a mais difícil de realizar?

E o sábio milésio lhe respondeu:
"Conhecer-se a si mesmo".

Esta foi a mensagem de sabedoria dirigida aos homens ignorantes pelos antigos sábios; esta é também a mensagem da nossa época.



(Texto extraído do livro "O Caminho Secreto", do filósofo escritor Paul Brunton, na década de 1950; Editora Pensamento).
  

Abençoa Também

Diante das vozes e dos braços que te amparam na enfermidade, coopera com os instrumentos da cura, abençoando a ti mesmo.

Em qualquer desajuste orgânico, não condenes o corpo.

O operário há de amar enternecidamente a máquina que o ajuda a viver, lubrificando-lhe as peças e harmonizando-lhe os implementos, se não deseja relegá-la à inutilidade e à secura.

Abençoa teu coração. É o pêndulo infatigável, marcando-te as dores e alegrias.

Abençoa teu cérebro. É o gabinete sensível do pensamento.

Abençoa teus olhos. São companheiros devotados na execução dos compromissos que a existência te confiou.

Abençoa teu estômago. É o servo que te alimenta.

Abençoa tuas mãos. São antenas no serviço que consegues realizar.

Abençoa teus pés. São apoios preciosos em que te sustentas.

Abençoa tuas faculdades genésicas. São forças da vida pelas quais recebeste no mundo o aconchego do lar e o carinho de mãe.

Eis que Deus te abençoa, a cada instante, no ar que respiras, no pão que te nutre, no remédio que refaz, na palavra que anima, no socorro que alivia, na oração que consola...

Junto das células doentes ou fatigadas, não empregues o fogo da tensão, nem o corrosivo do desespero.

Abençoa também.

EMMANUEL

Médium: Francisco Cândido Xavier
Do Livro: "CORAGEM"


Frases de Chico Xavier

"O Cristo não pediu muita coisa, não exigiu que as pessoas escalassem o Everest ou fizessem grandes sacrifícios. Ele só pediu que nos amássemos uns aos outros."

Caridade ao alcance de todos!

A Pequena Alma e o Sol

Era uma vez, em tempo nenhum, uma Pequena Alma que disse a Deus:


— Eu sei quem sou!

E Deus disse:

— Que bom! Quem és tu?

E a Pequena Alma gritou:

— Eu sou Luz!!!

E Deus sorriu.

— É isso mesmo! — exclamou Deus. — Tu és Luz!


A Pequena Alma ficou muito contente, porque tinha descoberto aquilo que todas as almas do Reino deveriam descobrir.

— Uauu, isto é mesmo bom! — disse a Pequena Alma.


Mas, passado pouco tempo, saber quem era já não lhe chegava. A pequena Alma sentia-se agitada por dentro, e agora queria ser quem era. Então foi ter com Deus (o que não é má ideia para qualquer alma que queira ser Quem Realmente É) e disse:

— Olá Deus! Agora que sei Quem Sou, posso sê-lo?

E Deus disse:

— Quer dizer que queres ser Quem já És?

— Bem, uma coisa é saber Quem Sou, e outra coisa é sê-lo mesmo. Quero sentir como é ser a Luz! — respondeu a pequena Alma.

— Mas tu já és Luz — repetiu Deus, sorrindo outra vez.

— Sim, mas quero senti-lo! — gritou a Pequena Alma.

— Bem, acho que já era de esperar. Tu sempre foste aventureira — disse Deus com uma risada. Depois a sua expressão mudou.

— Há só uma coisa...

O quê? — perguntou a Pequena Alma.

— Bem, não há nada para além da Luz. Porque eu não criei nada para além daquilo que tu és; por isso, não vai ser fácil experimentares-te como Quem És, porque não há nada que tu não sejas.

— Hã? — disse a Pequena Alma, que já estava um pouco confusa.

— Pensa assim: tu és como uma vela ao Sol. Estás lá sem dúvida. Tu e mais milhões, ziliões de outras velas que constituem o Sol. E o Sol não seria o Sol sem vocês. “Não seria um sol sem uma das suas velas... e isso não seria de todo o Sol, pois não brilharia tanto. E no entanto, como podes conhecer-te como a Luz quando estás no meio da Luz — eis a questão”.

— Bem, tu és Deus. Pensa em alguma coisa! — disse a Pequena Alma mais animada.

Deus sorriu novamente.

— Já pensei. Já que não podes ver-te como a Luz quando estás na Luz, vamos rodear-te de escuridão — disse Deus.

— O que é a escuridão? perguntou a Pequena Alma.

— É aquilo que tu não és — replicou Deus.

— Eu vou ter medo do escuro? — choramingou a Pequena Alma.

— Só se o escolheres. Na verdade não há nada de que devas ter medo, a não ser que assim o decidas. Porque estamos a inventar tudo. Estamos a fingir.

— Ah! — disse a Pequena Alma, sentindo-se logo melhor.

Depois Deus explicou que, para se experimentar o que quer que seja, tem de aparecer exatamente o oposto.

— É uma grande dádiva, porque sem ela não poderíamos saber como nada é — disse Deus — Não poderíamos conhecer o Quente sem o Frio, o Alto sem o Baixo, o Rápido sem o Lento. Não poderíamos conhecer a Esquerda sem a Direita, o Aqui sem o Ali, o Agora sem o Depois. E por isso, — continuou Deus — quando estiveres rodeada de escuridão, não levantes o punho nem a voz para amaldiçoar a escuridão.

“Sê antes uma Luz na escuridão, e não fiques furiosa com ela. Então saberás Quem Realmente És, e os outros também o saberão. Deixa que a tua Luz brilhe tanto que todos saibam como és especial!”

— Então posso deixar que os outros vejam que sou especial? — perguntou a Pequena
Alma.

— Claro! — Deus riu-se. — Claro que podes! Mas lembra-te de que “especial” não quer dizer “melhor”! Todos são especiais, cada qual à sua maneira! Só que muitos esqueceram-se disso. Esses apenas vão ver que podem ser especiais quando tu vires que podes ser especial!

— Uau — disse a Pequena Alma, dançando e saltando e rindo e pulando. — Posso ser tão especial quanto quiser!

— Sim, e podes começar agora mesmo — disse Deus, também dançando e saltando e rindo e pulando juntamente com a Pequena Alma — Que parte de especial é que queres
ser?

— Que parte de especial? — repetiu a Pequena Alma. — Não estou a perceber.

— Bem, — explicou Deus — ser a Luz é ser especial, e ser especial tem muitas partes. É especial ser bondoso. É especial ser delicado. É especial ser criativo. É especial ser paciente. Conheces alguma outra maneira de ser especial?

A Pequena Alma ficou em silêncio por um momento.

— Conheço imensas maneiras de ser especial! — exclamou a Pequena Alma — É  especial ser prestável. É especial ser generoso. É especial ser simpático. É especial ser atencioso com os outros.

— Sim! — concordou Deus — E tu podes ser todas essas coisas, ou qualquer parte de especial que queiras ser, em qualquer momento. É isso que significa ser a Luz.

— Eu sei o que quero ser, eu sei o que quero ser! — proclamou a Pequena Alma com grande entusiasmo. — Quero ser a parte de especial chamada “perdão”. Não é ser especial alguém que perdoa?

— Ah, sim, isso é muito especial, assegurou Deus à Pequena Alma.

— Está bem. É isso que eu quero ser.

Quero ser alguém que perdoa. Quero experimentar-me assim — disse a Pequena Alma.

— Bom, mas há uma coisa que devias saber — disse Deus.

A Pequena Alma já começava a ficar um bocadinho impaciente. Parecia haver sempre alguma complicação.

— O que é? — suspirou a Pequena Alma.

— Não há ninguém a quem perdoar.

— Ninguém? A Pequena Alma nem queria acreditar no que tinha ouvido.

— Ninguém! — repetiu Deus. Tudo o que Eu fiz é perfeito. Não há uma única alma em toda a Criação menos perfeita do que tu. Olha à tua volta.

Foi então que a Pequena Alma reparou na multidão que se tinha aproximado. Outras almas tinham vindo de todos os lados — de todo o Reino — porque tinham ouvido dizer que a Pequena Alma estava a ter uma conversa extraordinária com Deus, e todas queriam ouvir o que eles estavam a dizer.

Olhando para todas as outras almas ali reunidas, a Pequena Alma teve de concordar. Nenhuma parecia menos maravilhosa, ou menos perfeita do que ela. Eram de tal forma maravilhosas, e a sua Luz brilhava tanto, que a Pequena Alma mal podia olhar para elas.

— Então, perdoar quem? — perguntou Deus.

— Bem, isto não vai ter piada nenhuma! — resmungou a Pequena Alma — Eu queria experimentar-me como Aquela que Perdoa. Queria saber como é ser essa parte de especial.

E a Pequena Alma aprendeu o que é sentir-se triste.

Mas, nesse instante, uma Alma Amiga destacou-se da multidão e disse:

— Não te preocupes, Pequena Alma, eu vou ajudar-te — disse a Alma Amiga.

— Vais? — a Pequena Alma animou-se. — Mas o que é que tu podes fazer?

— Ora, posso dar-te alguém a quem perdoares!

— Podes?

— Claro! — disse a Alma Amiga alegremente. — Posso entrar na tua próxima vida física e fazer qualquer coisa para tu perdoares.

— Mas porquê? Porque é que farias isso? — perguntou a Pequena Alma. — Tu, que és um ser tão absolutamente perfeito! Tu, que vibras a uma velocidade tão rápida a ponto de criar uma Luz de tal forma brilhante que mal posso olhar para ti! O que é que te levaria a abrandar a tua vibração para uma velocidade tal que tornasse a tua Luz brilhante numa luz escura e baça? O que é que te levaria a ti, que danças sobre as estrelas e te moves pelo Reino à velocidade do pensamento, a entrar na minha vida e a tornares-te tão pesada a ponto de fazeres algo de mal?

— É simples — disse a Alma Amiga. — Faço-o porquê te amo.

A Pequena Alma pareceu surpreendida com a resposta.

— Não fiques tão espantada — disse a Alma Amiga — tu fizeste o mesmo por mim. Não te lembras? Ah, nós já dançámos juntas, tu e eu, muitas vezes. Dançámos ao longo das eternidades e através de todas as épocas. Brincámos juntas através de todo o tempo e em muitos sítios. Só que tu não te lembras. Já fomos ambas o Todo. Fomos o Alto e o Baixo, a Esquerda e a Direita. Fomos o Aqui e o Ali, o Agora e o Depois. Fomos o Masculino e o Feminino, o Bom e o Mau — fomos ambas a vítima e o vilão. Encontrámo-nos muitas vezes, tu e eu; cada uma trazendo à outra a oportunidade exacta e perfeita para Expressar e Experimentar Quem Realmente Somos.

— E assim, — a Alma Amiga explicou mais um bocadinho — eu vou entrar na tua próxima vida física e ser a “má” desta vez. Vou fazer alguma coisa terrível, e então tu podes experimentar-te como Aquela Que Perdoa.

— Mas o que é que vais fazer que seja assim tão terrível? — perguntou a Pequena
Alma, um pouco nervosa.

— Oh, havemos de pensar nalguma coisa — respondeu a Alma Amiga, piscando o olho.
Então a Alma Amiga pareceu ficar séria, disse numa voz mais calma:

— Mas tens razão acerca de uma coisa, sabes?

— Sobre o quê? — perguntou a Pequena Alma.

— Eu vou ter de abrandar a minha vibração e tornar-me muito pesada para fazer esta coisa não muito boa. Vou ter de fingir ser uma coisa muito diferente de mim. E por isso, só te peço um favor em troca.

— Oh, qualquer coisa, o que tu quiseres! — exclamou a Pequena Alma, e começou a dançar e a cantar: — Eu vou poder perdoar, eu vou poder perdoar!

Então a Pequena Alma viu que a Alma Amiga estava muito quieta.

— O que é? — perguntou a Pequena Alma.

— O que é que eu posso fazer por ti? És um anjo por estares disposta a fazer isto por mim!

— Claro que esta Alma Amiga é um anjo! — interrompeu Deus, — são todas! Lembra-te sempre: Não te enviei senão anjos.

E então a Pequena Alma quis mais do que nunca satisfazer o pedido da Alma Amiga.

— O que é que posso fazer por ti? — perguntou novamente a Pequena Alma.

— No momento em que eu te atacar e atingir, — respondeu a Alma Amiga — no momento em que eu te fizer a pior coisa que possas imaginar, nesse preciso momento...

— Sim? — interrompeu a Pequena Alma

— Sim?

A Alma Amiga ficou ainda mais quieta.

— Lembra-te de Quem Realmente Sou!

— Oh, não me hei esquecer! — gritou a Pequena Alma — Prometo! Lembrar-me-ei sempre de ti tal como te vejo aqui e agora.

— Que bom, — disse a Alma Amiga — porque, sabes, eu vou estar a fingir tanto, que eu própria me vou esquecer. E se tu não te lembrares de mim tal como eu sou realmente, eu posso também não me lembrar durante muito tempo. E se eu me esquecer de Quem Sou, tu podes esquecer-te de Quem És, e ficaremos as duas perdidas. Então, vamos precisar que venha outra alma para nos lembrar às duas Quem Somos.

— Não vamos, não! — prometeu outra vez a Pequena Alma. — Eu vou lembrar-me de ti!
E vou agradecer-te por esta dádiva — a oportunidade que me dás de me experimentar como Quem Eu Sou.


E assim o acordo foi feito. E a Pequena Alma avançou para uma nova vida, entusiasmada por ser a Luz, que era muito especial, e entusiasmada por ser aquela parte especial a que se chama Perdão.

E a Pequena Alma esperou ansiosamente pela oportunidade de se experimentar como Perdão, e por agradecer a qualquer outra alma que o tornasse possível. E, em todos os momentos dessa nova vida, sempre que uma nova alma aparecia em cena, quer essa nova alma trouxesse alegria ou tristeza — principalmente se trouxesse tristeza — a Pequena Alma pensava no que Deus lhe tinha dito:


Lembra-te sempre,

Deus aqui tinha sorrido —

Não te enviei senão anjos...


Por Neale Donald Walsch


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O Grande Silêncio

Nós os Índios, não temos medo dele.
Na verdade, para nós, ele é mais poderoso do que as palavras. Nossos ancestrais foram educados com o silêncio e eles nos transmitiram esse conhecimento.
Eles nos diziam: 

- Observa, escuta, e logo atuarás; esta é a maneira correta de viver.

Observe os animais para ver como cuidam dos seus filhos. Repare os anciões para ver como se comportam. Observe o homem branco para ver o que ele deseja...

Observa sempre, com o coração e a mente tranquilos e então aprenderás. E então, quando tiveres observado suficientemente, então você  poderá  atuar.

Com vocês, brancos, é o contrário:

Vocês aprendem, a falar;
Dão prêmios às crianças que falam muito nas escolas;
Em festas, todos falam ao mesmo tempo, e  ninguém se entende;
No trabalho, estão sempre com reuniões, nas quais todos se interrompem, todos repetem a mesma coisa! Cinco, dez, cem vezes... E chamam a isso de que conversando se resolve os problemas!
 Quando estão em qualquer lugar em que há silêncio físico, todos ficam nervosos... Precisam preencher o espaço com sons. Então, falam compulsivamente, sem saber o que vão dizer... Vocês gostam de discutir e nem sequer permitem que o outro termine uma frase. Interrompem-se constantemente!

Para nós, isso é muito desrespeitoso, muito estúpido e muito estranho... Se você começar a falar, eu não vou te interromper!  Talvez eu até deixe de te escutar, se não me interessar pelo que fala – mas eu não vou te interromper! E quando terminar, tomarei a minha decisão sobre o que você disse, mas não te direi se estou ou não de acordo com o que você disse, a menos que seja importante ou que eu seja realmente impelido a falar. Terás dito o que preciso saber. Então, não há mais nada a dizer!

 Mas isso não é suficiente para a maioria de vocês. Deveriam pensar nas suas palavras como se fossem sementes. Deveriam plantá-las e cuidar para que cresçam em silêncio... Nossos ancestrais nos ensinaram que a Terra está sempre comunicando conosco e com tudo, e que deveríamos ficar bem silenciosos  para poder escutar sua Voz. Existem muitas vozes para além das nossas, sabe?

Muitas vozes... E só vamos conseguir escutá-las em silêncio.


"Neither Wolf or Dog"

Isto também passará...




Um dervishe*, depois de uma árdua e longa viagem através do deserto, chegou por fim à civilização. O povoado se chamava Colinas Arenosas e era quente e seco. Não havia muito verde, exceto feno para o gado e alguns arbustos. As vacas eram o principal meio de vida das pessoas de Colinas Arenosas. O dervishe perguntou educadamente a alguém que passava se havia algum lugar onde poderia encontrar comida e abrigo para aquela noite.

- Bem, disse o homem coçando a cabeça - não temos um lugar assim no povoado, mas estou certo de que Shakir ficará encantado de lhe brindar com sua hospitalidade esta noite.

Então o homem indicou o caminho da fazenda de propriedade de Shakir, cujo nome significa "o que agradece constantemente ao Senhor".

No caminho até a fazenda, o dervishe parou perto de um pequeno grupo de anciões que estavam fumando cachimbo e eles confirmaram a direção. Eles disseram que Shakir era o homem mais rico da região.
Um dos homens disse que Shakir era dono de mais de mil vacas.

- E isso é maior do que a riqueza de Haddad, que vive no povoado ao lado.

Pouco tempo depois o dervishe estava parado em frente a casa de Shakir a admirando. Shakir, que era uma pessoa muito hospitaleira e amável, insistiu para que o dervishe ficasse por alguns dias em sua casa.
A mulher e as filhas de Shakir eram igualmente amáveis e deram o melhor para o dervishe. Inclusive, ao final de sua estadia, lhe deram uma grande quantidade de comida e água para sua viagem.

No seu caminho de volta para o deserto, o dervishe não conseguia parar de se perguntar o significado das últimas palavras de Shakir.

No momento da despedida o dervishe havia dito:

- Dê Graças a Deus pela riqueza que tens.

- Dervishe - havia respondido Shakir - não se engane pelas aparências, porque isto também passará.
Durante o tempo em que havia passado no caminho Sufi, o dervishe havia compreendido que qualquer coisa que ouvisse ou visse durante sua viagem lhe oferecia uma lição para aprender, e portanto, valia a pena considerá-la. Além de tudo, essa era a razão pela qual havia feito a viagem, para aprender mais.

As palavras de Shakir ocuparam seus pensamentos e ele não estava seguro de ter compreendido completamente o seu significado.

Quando estava sentado sob a sombra de um arbusto para rezar e meditar, recordou do ensinamento Sufi sobre guardar silencio e não se precipitar em tirar conclusões para finalmente alcançar a resposta. Quando chegasse o momento, compreenderia, já que havia sido ensinado a permanecer em silêncio e sem fazer perguntas. Para tanto, fechou a porta dos seus pensamentos e submergiu sua alma em um estado de profunda meditação.

E assim se passaram mais cinco anos, viajando por diferentes terras, conhecendo pessoas novas e aprendendo com suas experiências no caminho. Cada nova aventura oferecia uma lição a ser aprendida. Entretanto, como requeria o costume Sufi, permanecia em silêncio, concentrado nas ordens do seu coração.
Um dia, o dervishe voltou a Colinas Arenosas, o mesmo povoado onde havia passado alguns anos antes. Lembrou-se de seu amigo Shakir e perguntou por ele.

- Está vivendo no povoado ao lado, a dez milhas daqui. Agora trabalha para Haddad - respondeu um homem do povoado.

O dervishe lembrou surpreendido que Haddad era o outro homem rico da região. Contente com a idéia de voltar a ver Shakir outra vez, se apressou para ir ao povoado vizinho. Na maravilhosa casa de Haddad, o dervishe foi bem recebido por Shakir, que agora parecia muito mais velho e estava vestido em andrajos.

- O que lhe aconteceu? - quis saber o dervishe.

Shakir respondeu que uma enchente três anos antes o havia deixado sem vacas e sem casa; assim ele e sua família se tornaram empregados de Haddad, que sobreviveu à enchente e agora desfrutava da posição de homem mais rico da região. Entretanto, esta alteração na sorte não havia mudado o caráter amistoso e atencioso de Shakir e de sua família.

Cuidaram amavelmente do dervishe na sua cabana durante os dois dias e lhe deram comida e água antes dele sair.

Na despedida, o dervishe disse:

- Sinto muito pelo que aconteceu com você e sua família. Mas sei é que Deus tem um motivo para aquilo que faz...

- Mas não se esqueça: isto também passará.

A voz de Shakir ressoou como um eco nos ouvidos do dervishe. O rosto sorridente do homem e seu espírito tranquilo não abandonavam seu pensamento.

- O que ele quer dizer com esta frase desta vez?

O dervishe sabia agora que as últimas palavras de Shakir na sua visita anterior se anteciparam às mudanças que ocorrerem. Mas dessa vez, se perguntava o que poderia justificar um comentário tão otimista. Assim deixou a frase de lado outra vez, preferindo esperar pela resposta.

Passaram meses e anos, e o dervishe, que estava ficando velho, continuou viajando sem nenhuma intenção de parar.

Curiosamente, suas viagens sempre o levavam de volta ao povoado onde vivia Shakir. Assim sendo, demorou sete anos para voltar a Colinas Arenosas e Shakir estava rico outra vez. Agora vivia na casa principal da propriedade de Haddad e não na pequena cabana.

- Haddad morreu há dois anos - explicou Shakir - e, como não tinha herdeiro, decidiu deixar sua fortuna para mim como recompensa dos meus leais serviços.

Quando estava terminando sua visita, o dervishe se preparou para a viagem mais importante de sua vida: cruzaria a Arábia Saudita para fazer sua peregrinação a pé até Meca, uma antiga tradição entre seus companheiros. A despedida de seu amigo não foi diferente das outras vezes. Shakir repetiu sua frase favorita:

- Isto também passará.

Depois da peregrinação, o dervishe viajou à Índia. Ao voltar a sua terra natal, Pérsia, decidiu visitar Shakir mais uma vez para ver o que havia acontecido com ele. Assim, mais uma vez se pós em marcha para Colinas Arenosas. Mas em vez de encontrar seu amigo Shakir, lhe mostraram uma humilde tumba com a inscrição "Isto também passará". O dervishe ficou ainda mais surpreendido do que das outras vezes, quando o próprio Shakir havia pronunciado estas palavras.

- As riquezas vêm e as riquezas se vão - pensou o dervishe - mas, como pode trocar um túmulo?

A partir de então o dervishe adquiriu o costume de visitar a tumba de seu amigo de tantos anos e passava algumas horas meditando na morada de Shakir. Entretanto, em uma de suas visitas o cemitério e a tumba haviam desaparecido, arrasados por uma enchente. Agora, o velho dervishe havia perdido o único vestígio deixado por um homem que havia marcado tão excepcionalmente as experiências de sua vida. O dervishe permaneceu durante horas nas ruínas do cemitério, olhando o chão fixamente. Finalmente, levantou a cabeça em direção ao céu e então, como se houvesse descoberto um significado mais elevado, abaixou a cabeça em sinal de confirmação e disse:

- Isto também passará!

Finalmente o dervishe ficou muito velho para viajar, decidindo se fixar e viver tranquilo e em paz pelo resto de sua vida.

Os anos se passaram e o ancião se dedicava a ajudar a quem se acercava dele para os quais aconselhava e a compartilhar suas experiências com os jovens. Vinha gente de todas as partes para beneficiar-se de sua sabedoria. Finalmente, sua fama chegou até o grande conselheiro do rei, que casualmente estava buscando alguém com grande sabedoria.

O fato era que o rei desejava que lhe fizessem um anel. O anel teria de ser especial: devia ter uma inscrição de tal forma que quando o rei se sentisse triste, olhasse o anel e ficaria contente e se estivesse feliz, ao olhar o anel se entristeceria.

Os melhores joalheiros foram contratados e muitos homens e mulheres se apresentaram para dar sugestões sobre o anel, mas o rei não gostava de nenhuma. Então o conselheiro escreveu para o dervishe explicando a situação, pedindo ajuda e o convidando para ir ao palácio. Sem abandonar sua casa, o dervishe enviou sua resposta.

Poucos dias mais tarde, um anel foi feito com uma esmeralda e foi entregue ao rei. O rei, que havia estado deprimido por vários dias, mal o recebeu, botou o anel no dedo e olhando-o, deu um suspiro de decepção.
Logo começou a sorrir e, pouco depois, ria às gargalhadas.

No anel que o rei usava, estava escrita às palavras: "Isto também passará".


Farid Ud Din Attar - Histórias da Terra dos Sufis



(*dervishe ou dervixe: Um dervixe é um monge muçulmano que, geralmente, adota uma vida nômade de abnegação, fazendo votos de pobreza, humildade e castidade).