Qualquer pessoa com olhos para enxergar é capaz
de ver que o universo revela que obedece a uma ordem inteligente e inteligível.
Não foi um capricho arbitrário que um dia criou o mundo. Não é o caos que o governa
desde então. Há um verdadeiro significado, uma lei estrita, uma genuína coerência,
há um movimento de evolução que vai da pedra à flor, do animal ao ser humano,
através de níveis cada vez mais elevados de integração de vida universal.
![](http://2.bp.blogspot.com/-Zjg4gA-WyD8/UGcSUHdolhI/AAAAAAAAABw/kqUXEExAD8s/s400/larsvandegoor-6.jpg)
Ela trabalha para o universo como um todo para manter suas incontáveis
unidades em harmonia com seu próprio equilíbrio integral.
A retribuição apenas insere-se nessa atividade
como um pequeno círculo concêntrico insere-se em um maior. Os resultados da existência de cada pessoa, a
herança do pensamento e ação de cada ser humano, precisam ser controlados para
que, em última análise, obedeçam à ordem maior do cosmos. Cada parte esta
ligada ao todo. Tudo, portanto, tende à suprema retidão. É realmente
reconfortante perceber que o universo possui um equilíbrio tão significativo em
seu núcleo secreto.
A interpretação esotérica do karma reconhece
que um ser humano totalmente isolado é apenas uma fantasia da nossa imaginação,
que a vida de cada pessoa está ligada com a vida de toda a humanidade por meio
de círculos em constante expansão de amplitude local, nacional, continental e
finalmente planetária; que cada pensamento é influenciado pela atmosfera mental
predominante no mundo; e que cada ação é inconscientemente praticada sob influência
da sugestão predominante e poderosa conferida pela atividade geral da
humanidade.
As consequências do que cada um de nós pensa e faz correm como um
afluente para o rio maior da sociedade, juntando-se ali à agua de inúmeras outras
fontes. Esse fato torna o karma resultante de todas essas associações mutuas,
elevando-o, por conseguinte, do nível pessoal para o coletivo. Isso quer dizer
que “eu”, como indivíduo, compartilho o karma gerado por todas as outras
pessoas, enquanto elas compartilham o meu. Existe, no entanto, uma diferença
entre a parte que nos cabe, no sentido de que “eu” recebo a parte maior dos
resultados das minhas próprias ações praticadas no passado e uma porção menor
das ações do restante da humanidade.
Daí minha afirmação de que nem todo sofrimento é
merecido, mas, por outro lado, acontecimentos positivos também nos chegam como
compensação. Mesmo que devido à interdependência da humanidade tenhamos que
sofrer o que não merecemos, é igualmente verdade que em virtude dessa mesma interdependência
podemos receber do bom karma geral benefícios que não conquistamos
pessoalmente. Assim, essa operação coletiva do karma é como uma espada de dois
gumes que corta dos dois lados: um deles é doloroso e outro agradável. A visão esotérica
coloca uma nova face sobre a forma popular da doutrina e ela tem sido de um
modo geral mantida em segundo plano, simplesmente porque as pessoas estão mais
interessadas no seu bem-estar pessoal do que no bem comum...
Vivemos em comum com os outros, pecamos em
comum e devemos ser redimidos em comum. Essa é a ultima palavra, talvez
desalentadora, para aqueles que prejudicam seus semelhantes, porém animadora
para os que foram prejudicados. Nessa perspectiva mais ampla, o karma nos faz
sofrer pela sociedade como um Todo e alegrar-nos com ela.
Por conseguinte, não
podemos separar o nosso próprio bem-estar do bem estar-social. Precisamos escapar
do isolamento interior e unir nossos interesses aos da Vida como um Todo. Não é
preciso existir antagonismo entre classes, nações e raças, nem ódio e discórdia
entre grupos diferentes, sejam esses grandes ou pequenos. Todos são, em última
analise, essencialmente interdependentes. A separação deles é uma ilusão tão
grande quanto a separação dos indivíduos, mas somente a filosofia e a história
demonstram essa verdade. A situação em que todos nos encontramos hoje exige o
reconhecimento dessa desafiadora verdade em prol do nosso interesse mútuo.
(Texto extraído do livro O que é o Karma? Autor
Paul Brunton; Ed. Pensamento).
(Paul Brunton)
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