quinta-feira, 8 de novembro de 2012

O pensamento é o poder motor da ação

O pensamento revela-se como uma vibração no corpo mental que se comunica com a matéria  externa e produz um efeito. Portanto, o pensamento em si é uma força real e definida, e o interessante é que todos nós possuímos esse poder. Cada pensamento produz dois efeitos externos principais: uma vibração irradiante e uma forma flutuante. Analisemos como ambas afetam o pensador e as outras pessoas.

Em primeiro lugar, vamos lembrar da força do hábito. Se acostumarmos nossos corpos mentais com certo tipos de vibrações, eles aprenderão a reproduzi-las com facilidade e prontidão. Se pensarmos um certo tipo de pensamento hoje, amanhã será mais fácil repetir  o  mesmo pensamento. Se alguém começa a pensar mal dos outros, logo se torna fácil pensar pior, e torna-se mais difícil pensar  no  bem  deles.  Cria-se  assim  um  ridículo   preconceito  que  cega totalmente a pessoa, impedindo-a de ver os pontos bons de seus semelhantes, e aumentando enormemente o mal nos outros.

Em seguida seus pensamentos começam a incitar as emoções, e como só vê o mal nos outros começa a odiá-los. As vibrações da matéria mental excitam as da matéria astral densa  assim  como o vento perturba a superfície do mar. Todos sabemos que ao pensar em nossos erros facilmente nos irritamos e freqüentemente ignoramos  a conclusão inevitável de que, pensando racionalmente e com calma, prevenimos ou dissolvemos a raiva.

A forma  de  pensamento  gerada  também  reage  sobre  o  pensador.  Se  o pensamento  destina-se a alguém, a forma dispara como um míssil na sua direção,  mas  se o  pensamento, como  acontece com  tanta freqüência,  diz respeito principalmente ao próprio  pensador, esta permanece flutuando nas proximidades, pronta a reagir sobre ele e duplicar-se, isto é, pronta a estimular na sua mente o mesmo pensamento mais uma vez. Para o pensador parecerá que o pensamento surgiu em sua mente vindo de fora, mas a experiência é, na verdade, apenas o resultado mecânico de seus próprios pensamentos prévios.


Observemos agora como esse fragmento de conhecimento pode ser usado. Obviamente todo pensamento ou emoção produz um efeito de longa duração, pois fortalece ou enriquece uma tendência e, além disso, reage constantemente sobre o pensador. Portanto, fica claro que temos de ter todo cuidado com os pensamentos ou emoções que permitimos surgir dentro de nós mesmos.  Não  podemos  nos  desculpar  como  tantos  fazem,  dizendo  que sentimentos indesejáveis são naturais em certas condições. Temos de usar o direito de controlar nossa mente e nossas emoções. Se podemos habituar-nos a procurar as qualidades desejáveis nas pessoas que conhecemos, e não as indesejáveis, nós nos surpreenderemos ao descobrir como as boas qualidades são  numerosas  e importantes. Assim começaremos a gostar delas e a não evitá-las, e  teremos,  pelo menos, a possibilidade de fazer avaliações mais justas das pessoas.



Podemos dedicar-nos ao exercício útil de admitir apenas pensamentos bons e agradáveis  e,  se  persistirmos,  logo  começaremos  a  perceber  resultados. Nossas mentes trabalharão  mais facilmente pelos canais da admiração e da simpatia ao invés da suspeita e do  menosprezo, e, quando nossos cérebros estiverem desocupados, os pensamentos que se apresentarem serão bons e não maus, em uma reação natural das formas graciosas que criamos para nos circundar. "O homem é aquilo que pensa em seu coração", e obviamente o uso correto e sistemático do poder do pensamento torna a vida muito mais fácil e agradável.

Reparemos agora como nossos pensamentos afetam os outros. A ondulação irradiante, como muitas outras vibrações na Natureza, tende a se duplicar. Por que um determinado objeto se aquece diante do fogo? Porque a radiação das vibrações vindas da matéria  incandescente leva as moléculas do objeto a oscilarem mais rapidamente.

Da mesma maneira, se enviarmos com persistência  ondulações  de  pensamentos  agradáveis  sobre  outrem,  com  o tempo uma vibração similar aos  pensamentos de simpatia surgirá naquela pessoa. Formas de pensamentos dirigidas para  ela flutuarão à sua volta e agirão quando surgir uma oportunidade. Assim como um mau  pensamento pode ser um demônio tentador tanto para o pensador quanto para outrem, assim também um bom pensamento pode tornar-se um anjo guardião que encoraja a  virtude e evita o vício. Infelizmente é comum nos dias de hoje aquela atitude de estar sempre procurando falhas nos outros, e as pessoas que agem  assim  não  compreendem  o  mal  que  causam.  Se  observamos  suas conseqüências,  veremos  que  o  hábito  da  bisbilhotice  maliciosa  é  simples perversidade.  Não  importa  se  o  escândalo  tem  fundamento  ou  não;  em qualquer dos casos ele só pode gerar o mal. Nesta situação  encontramos pessoas concentradas em algum suposto vício de alguém, atraindo a atenção de muitas outras que, de outra forma, não se teriam dado conta desse defeito.




Suponhamos que acusem sua vítima de ser invejosa. De imediato centenas de pessoas começam a despejar no infeliz sofredor torrentes de pensamentos sugerindo a ideia da inveja. Não é claro que, se o pobre homem tiver tendência a esse desagradável vício, esta seria grandemente  intensificada pela avalanche  que  o  atinge?  E  se,  como  normalmente  acontece,  não  houver qualquer razão  para esse malicioso rumor, aqueles que o espalhem estão fazendo de tudo para criar em  sua vitima o próprio vício de cuja existência imaginária eles tão selvagemente se regozijam.

Devemos pensar sempre nas coisas boas de nossos amigos, não só porque isso é muito  mais saudável para nós, mas também porque assim elas se fortalecem. Quando formos obrigados a reconhecer alguma qualidade má de um amigo, devemos ter o cuidado de não  pensar nela, mas, sim, na virtude oposta que queremos ajudá-lo a desenvolver. Caso ele seja avarento ou pouco afetivo  não  devemos  fazer  comentários  ou  fixar  nosso  pensamento  nesse defeito, porque, se o fizermos, as vibrações por nós criadas tornarão as coisas piores. Em  vez  disso, pensemos intensamente na qualidade que ele precisa desenvolver,  inundando-o  com  ondulações  de  generosidade  e  amor,  pois assim estaremos realmente ajudando nosso irmão.

Se  o  poder  de  pensamento  for  usado  com  essas  orientações,  nós  nos tornaremos  verdadeiros  centros  de  bênção  em  qualquer  lugar  onde  nos encontremos. Mas lembremos que essa força é limitada; por isso, se quisermos ter o bastante dela para ser úteis, não a desperdicemos.

O  homem  comum  não  passa  de  ser  um  centro  de  vibrações  agitadas. Encontra-se constantemente preocupado, incomodado, estressado com alguma  coisa,  em  depressão  profunda  ou,  então,  excitado  sem  razão,  ao esforçar-se para mudar alguma circunstância ou tratar de conseguir algo. Por uma razão ou outra, está sempre desnecessariamente agitado, muitas vezes por causa de coisas insignificantes. Isso quer  dizer que está o tempo todo gastando força, dissipando inutilmente algo pelo qual é diretamente responsável e que poderia torná-lo mais feliz e saudável.

Outra  situação  que  o  leva  a  dissipar  muita  energia  são  as  discussões desnecessárias.  Está  sempre  tentando  fazer  alguém  concordar  com  suas opiniões pessoais. Esquece-se de que toda questão tem sempre muitos lados ou aspectos, quer se trate de política, religião ou algum outro interesse de curto prazo, e que os outros também têm direito ao seus próprios pontos de vista, o qual de qualquer modo nada importa, pois os fatos permanecem os mesmos independente do que cada um pense. A maior parte dos assuntos não vale a pena  discutir,  e,  normalmente,  aqueles  que  falam  mais  alto  e  com  mais confiança são precisamente os que menos sabem.


Quem deseja usar o poder do pensamento de maneira útil, seja para si mesmo ou para os outros, deve economizar suas energias, ser calmo, comedido e refletir cuidadosamente antes de falar ou agir. Que não fiquem dúvidas de que a força do silêncio é muito poderosa. Qualquer um que se entregue ao trabalho pode aprender a usá-la, e, com seu uso, cada  um  de nós pode progredir bastante fazendo um grande bem para o mundo à nossa volta.

Deve compreender-se bem esse poder do pensamento e o dever de reprimir pensamentos maus, egoístas ou agressivos. Os pensamentos produzem seus efeitos, quer desejemos ou não. Um homem sábio produz intencionalmente os resultados da sua ação mental. Cada vez que controlamos nossos pensamentos, a próxima vez o  controle fica mais fácil. Enviar pensamentos positivos aos outros é algo tão real quanto  dar  dinheiro; e é uma forma de caridade  que  até o  mais pobre dos homens pode fazer.  É  errado irradiar depressão. Ela impede os pensamentos elevados, causa muito sofrimento às pessoas sensíveis e é responsável pela maior parte do medo noturno das crianças.

Ao permitir que pensamentos miseráveis e maldosos sejam descarregados sobre uma criança, como muitos fazem, estamos envolvendo-a em penumbra, e isso não está certo. Esqueçam-se da depressão e em vez de ceder a ela, enviem pensamentos de fortaleza para os doentes.

Nossos pensamentos não são -como se poderia supor- assunto apenas da nossa própria  conta, pois suas vibrações afetam os outros. Os pensamentos maldosos têm alcance muito maior do que as palavras, mas não podem afetar quem estiver totalmente livre da qualidade que eles veiculam; por exemplo, o pensamento do desejo de beber não pode penetrar no corpo de um homem totalmente  abstêmio.  Ele  atinge  seu  corpo  astral,  porém,  como  não  pode penetrar, retorna ao emissor.

A vontade pode ser treinada para agir diretamente sobre a matéria física. Para alguns talvez  o  exemplo mais comum seja aquele do quadro usado muitas vezes  nas  práticas  de   meditação,  no  qual  podem  ser  observadas  com freqüência  alterações  de  expressão;  as  partículas  físicas  são,  sem  dúvida alguma,  afetadas por um  pensamento forte e  constante. A  Sra.  Blavatsky costumava recomendar algumas práticas a seus discípulos, dizendo-lhes para pendurarem uma agulha em um fio de seda e aprender a movê-la pela força da vontade. Um escultor também usa o poder do pensamento, mas de maneira diferente.  Diante  de  um  bloco  de  mármore,  ele  cria  uma  forte  forma  de pensamento da estátua  que deseja esculpir. A seguir coloca sua forma de pensamento dentro do bloco e começa a remover o mármore que sobra fora da forma de pensamento, deixando apenas a parte interpenetrada por ela.

Habituem-se a dedicar algum tempo todos os dias a formular bons pensamentos e enviá-los a outras pessoas. É uma prática fundamental para todos, e fará muito bem para as pessoas que os recebem também, sem dúvida alguma.





(Extraído da obra  A Vida Interna, de Charles W. Leadbeater, Ed. Teosófica, 1996)


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